22 de dez. de 2012

upcoming move.


eis a nova visão da janela da sala do nosso novo lar.
pelo menos nesse próximo ano.

quando o dono da casa atual pendurou, sem nos avisar, uma placa handmade com os dizeres VENDE-SE, eu já comecei a sofrer. porque sei o calvário que é conseguir alugar um imóvel por essas bandas. primeiro porque ninguém fica entrando e saindo de casas e apartamentos aqui, a não ser que sejam estudantes. estudantes moram em 40 pessoas em uma casa razoável ou moram sozinhos/em dupla em apartamentos de 4 m².
nós precisamos do meio-termo.
a correria de ir, ligar, encher o saco de imobiliárias, todos os dias olhando jornal, ligando pra potenciais imóveis, tirando fotos, discutindo em casa se compensava a localização, preço, tamanho, etc.

achamos esse. e assim que eu entrei, eu me apaixonei.
tão perto da universidade/escola da luana que dá até vontade de chorar. quartos amplos. dois banheiros. uma sacada com rede de proteção. lavanderia ampla. quarto de depósito. outra sacada pra pendurar roupa e afins.
liguei imediatamente pro moisa, ignorando os contras (na beira da avenida movimentada, lugar ermo, calçada destruída devido à reforma da avenida, prédio antigo, etc). ele foi ver no mesmo dia.
o moisa é mais racional que eu. pensou em tudo, e em como resolver. no final, até porque o apartamento por dentro é uma delícia, decidimos ficar.

ao mesmo tempo que me animo com a mudança, sinto um leve desespero.
com uma gravidez no início, todo cuidado é pouco.
tem chovido mais do que o normal ultimamente.
mudanças destroem móveis e eletrodomésticos aos poucos, eu sei bem disso.
por tudo em caixa, tirar tudo de caixas.

tudo aquilo novamente.

20 de dez. de 2012

pieces of luana IV.

- lua, o que você quer de natal?
- promete que não vai ficar brava comigo?
- ...
- eu quero a polly pocket que anda de patinete.

andamos conversando dias atrás, e a elogiei (de alguma forma) por "estar mocinha e não brincar mais com bonecas".

18 de dez. de 2012

born like this - into this II.


parte I
nós nascemos assim
dentro disso
dentro dessas cuidadosas guerras malucas
dentro do vazio de janelas de fábricas quebradas
dentro de bares onde as pessoas não conversam mais entre si
dentro de primeiras brigas que terminam em tiros e facadas

dentro disso
dentro de hospitais que são tão caros
que é mais barato morrer
dentro de advogados que cobram tanto
que é mais barato assumir a culpa
dentro de países onde as cadeias estão cheias
e os sanatórios fechados
dentro de lugares onde a massa transforma
idiotas em ricos heróis.

nós nascemos dentro disso
caminhando e vivendo em meio a isso
morrendo por isso
mudo por isso
castrado
corrompido
deserdado
(charles bukowski)

15 de dez. de 2012

hello daddy, hello mom - here comes our cherry-bomb.

apenas 20 milímetros. esse é o tamanho do bebê que você carrega no fim do seu segundo mês de gestação. ele continua minúsculo - menor do que um feijãozinho -, mas o crescimento está a todo vapor. a barreira placentária já é bastante eficiente, selecionando tudo o que chega ao embrião. o baço, a traqueia, a laringe e os brônquios começam a tomar forma. a pontinha do nariz e as dobras das pálpebras acabam de aparecer, delineando as feições. ele já tem ombros e os braços cresceram um pouco.
também estou zonza, processando todas as informações.

semana passada decidimos fazer um teste de farmácia. meu humor andava inconstante demais, muito sono, muita indisposição, cansaço, tontura, menstruação atrasada... não deu outra: positivo.
chorei. chorei. chorei.
minha primeira reação foi ter ficado brava comigo mesma. eu tomava pílula, mas não tinha controle absoluto. se engravidei, é porque falhei.

sem desespero. respira fundo e aguarda pra consulta com um obstetra, um exame de sangue. maior certeza e tudo mais. vai que era um falso-positivo, né?
mas, veja, talvez o psicológico seja uma coisa bem filha-da-puta, ou apenas a coincidência que seja filha-da-puta. dois dias depois do exame de farmácia, fui a uma pizzaria com o moisa, luana e um casal de amigos. duas fatias e uma água com gás depois, eu sentia uma vontade louca de vomitar. como se eu tivesse comido uma pizza inteira sozinha. cheguei em casa, bebi o que pude de água gelada e deitei. à partir desse dia, eu tenho sentido enjoos constantemente, o dia inteiro.

é claro, o exame de beta-hCG deu positivo. chorei mais um pouco no telefone com o moisa. não sei porque minha reação é sempre pensar no lado ruim das coisas. porém, o entusiasmo de família, amigos e, principalmente, do moisa e da luana me abriram os olhos, a mente e o coração. tanto que, agora, boa parte do tempo que passo na internet, é pesquisando sobre estágios de gravidez e que tipos de alimentos contém este ou aquele nutriente. até porque eu passei as primeiras 7 semanas fumando e não tendo uma alimentação muito exemplar heh.

o médico ainda havia pedido mais um exame, um ultrassom, pra ter certeza absoluta que eu estou mesmo grávida. com esse sono, esse humor e esses enjoos, quer mais ainda?
fiz o bendito hoje de tarde e eis a terceira confirmação: sim, estou grávida.
vi na telinha cheia de riscos, um amontoado de pontinhos brancos que juravam ser meu bebê. pude ouvir o coração batendo, parecendo um motorzinho.
é bem estranho, porque quando fiquei grávida da luana, a gestação já estava avançada quando descobri (22 semanas heh) e no primeiro ultrassom dava pra ver tudo direitinho, inclusive saí de lá sabendo que era menina.

pra ser sincera, tudo está sendo diferente agora.
o mal estar, a indisposição, o sono, o cansaço, os vômitos, nojo de tudo. nada disso eu tive antes. agora pareço estar numa fadiga interminável. espero que isso passe, junto com o primeiro trimestre.
e que, daí sim, eu me sinta realmente grávida. e então começar a melhor parte. a que eu mais gosto e aguardo :)
em breve, sua cintura vai se expandir e você vai notar outras mudanças no corpo. os cabelos ficarão mais brilhantes. já a pele, apesar da aparência viçosa, tem sua pigmentação aumentada, o que pode ocasionar o surgimento de manchas, especialmente na região do rosto. o intestino, por outro lado, pode desacelerar seu ritmo de trabalho. o estômago também passa a produzir maior quantidade de ácido clorídrico nesta fase, causando uma incômoda queimação.
eita!

13 de nov. de 2012

as moscas.

egisto
eu não tenho segredos

júpiter
tens. o mesmo que eu. o doloroso segredo dos deuses e dos reis: é que os homens são livres. são livres, egisto. tu sabe-lo; eles é que não.
(jean-paul sartre)

6 de nov. de 2012

preciso de férias.

levanta 7hr pra terminar, no computador, o que deveria ter terminado dias atrás. termina às 10hr e fica 20 minutos procurando uma gráfica que não fica, exatamente, na avenida onde o rapaz do telefone disse que ficava. tinha uma estradinha de paralelepípedo, uns 50 metros adiante, etc. os planos de ir ao mercado depois de passar na gráfica vão embora. hora de ir pro restaurante.
pesa. anota. conversa. corre atrás dos outros. pesa. lava. limpa.
calma, fuma um cigarro.
agora sim, mercado. antes, carona pro amigo e passar no laboratório. marido doente. cancela, por hora, o mercado. vamos ao hospital. faz cadastro. espera o médico. impaciente.
calma, fuma um cigarro.
na farmácia, suor escorrendo nas costas e a máquina de cartão está com problemas. respira fundo.
agora sim, mercado! esquece a lista. anda. anda. anda. deixa o amigo em casa. vai pra casa. descarrega compras. guarda compras. marido doente sente fome. lanchinho leve. cozinha sopa leve pro jantar. "ainda tenho o texto do antônio pra resumir!"
senta no sofá. faz resumo em uma hora. respira fundo. toma banho. vai pra faculdade.
calma, fuma um cigarro.
corre atrás de documentos. de edital. de estatuto. marido com febre em casa. meu corpo lá, cabeça e coração aqui. especulações. "cadê fulano? preciso falar com ele!"
perde 90% de uma aula, mas chega a tempo pra chamada.
vai pra casa. fica até de madrugada fazendo cartazes.
dores nos pés.
toma banho. deita.
a luz do abajur quebra na minha mão.
foda-se.
eu esqueci de jantar. não tenho ânimo nem coragem de sair da cama agora.
é apenas segunda-feira.

- e eu ainda tenho que ouvir que eu não faço nada.

28 de out. de 2012

a mão e luva.

de quantos homens a moça tratara até ali, era o primeiro que lhe inspirava curiosidade, e também, naquela ocasião, a primeira pessoa que se compadecia dela. veja o leitor: - curiosidade e gratidão; - veja se há duas asas mais próprias para arrojar uma alma no seio de outra alma, - ou de um abismo, que é às vezes a mesma coisa.
(machado de assis)

23 de out. de 2012

pieces of somebody I.

_ que está escrito aqui [uma tatuagem no seio esquerdo]?
_ livre arbítrio.
_ hm...
_ mas eu quero cobrir, vou escrever "heart-shaped box".
_ mas por quê?
_ porque não existe livre arbítrio.

11 de out. de 2012

diário de uma cnh tardia - pt 2.

bom, essa deveria ser a parte 145 - final. mas quem liga pra isso, não é verdade?

quando eu abri a janela da cozinha esta manhã, eu sorri por não estar chovendo. era só o que me faltava: chover justo no dia em que eu faria o exame prático do detran. o tempo estava fechado, fazia frio o suficiente pra um moleton leve. às 8h10 eu já estava chaveando a bicicleta em frente a ciretran daqui, com um cigarro no canto da boca, ainda rezando baixinho pra não chover.
entrei. sentei. esperei. passei a digital. esperei.
evitava olhar pra cara de aflição da galera que tava na mesma situação que eu. também evitava conversar, porque percebia que o única assunto ali eram as cagadas durante as provas, as reprovações absurdas, já é a terceira vez que eu faço. eu me mantinha calma e minha única preocupação era não chover. por causa da prova, e porque eu estava sem guarda-chuva.

chamaram meu nome e o de mais duas pessoas. seguimos pro pátio.
comigo estava uma menina bem nova, uns 18 ou 19 anos, e um senhor já de idade. e a avaliadora: uma moça, provavelmente, mais nova que eu e de legging justíssima.
fui a primeira a fazer a baliza. havia treinado bastante isso. pra mim não era problema. fiz certinho, como fazia nas aulas. sem pressa, sem susto, sem erro. desci do carro, era a vez da mocinha bem nova. nessa hora, começou uma garoa bem fina e eu tremi.
a mocinha entrou errado, não ligou a seta, deixou o carro morrer, bateu no prototipo. desceu do carro, pegou a bolsa e foi direto pro portão de saída. enquanto ela fazia tudo isso, o senhor do meu lado dizia que dirigia há 40 anos, mas ficava tão nervoso na hora da prova que não conseguia passar. já era a quinta vez que fazia.
quando chegou a vez dele, não conseguiu fazer tudo que tem de ser feito no tempo determinado. quando o vi dizendo com cara de choro pra avaliadora que ele não sabe o que acontece porque na rua ele consegue fazer direitinho, eu senti um aperto e as pernas tremerem pela primeira vez. pelo menos a garoa fina havia parado.

a avaliadora me chamou, entrei de volta no carro e fiz todo o ritual que deve ser feito: banco, espelhos, cinto, liga o carro, engata marcha, solta freio de mão. foi.
antes de sair do pátio, ela disse "direita" e eu me dei conta: estava sem meu anel no polegar direito.

mini-flashback: eu tenho um problema sério com direta/esquerda. sério mesmo. quando eu estou tensa, o problema tende a ficar crítico. já haviam me falado pra usar uma pulseira, ou um relógio em um dos pulsos pra marcar, então eu usava sempre um anel no polegar direito pra marcar a mão direita, principalmente nas aulas práticas.

agora já era, tripliquei a concentração e falei em voz alta pra avaliadora, que estava calma até os dois colegas serem reprovados. acho que isso ajuda, sei lá. pra mim, ajudou. ela disse que detesta reprovar as pessoas, mas que tem que ser justa com todo mundo e blá blá blá. tentei não prestar atenção do que ela dizia e me atentar às placas, à direita é a mão que você escreve e tá com a unha do polegar doendo porque roeu demais nesse último final de semana.
um vira aqui, vira ali, e me dou de cara com um caminhão de lixo. a rua era estreita. ai meu deus. desvio, não esquecendo de ligar setas, etc. vira aqui, vira ali, vou pra avenida em reforma. apenas uma pista liberada. nessa hora eu disse, "pô, justo hoje, sacanagem!" minha noção de espaço não é lá muito apurada e eu morro de medo de bater a lateral do carro nos cones. mas foi tranquilo. e a moça falando que eu tava com "sorte" porque aconteceu "de tudo" na minha prova, que era bom pra ela que podia avaliar minha reação em "momentos de stress". poxa, estar sendo avaliada já era stress o suficiente.
mandou eu voltar pro pátio (já?). pediu pra eu estacionar. e eu quase bati o retrovisor numa pilastra. desliguei o carro e ela falou que eu fiz tudo perfeitamente (com a exceção de quase bater o retrovisor na pilastra) e estava aprovada.
chorei (mentira).
desci, abracei minha instrutora que estava esperando o resultado, agradeci, etc, etc.

nem acredito. parece que tirei 400 quilos das costas.
eu sei que é apenas o começo, que agora não tenho mais a capa do carro da autoescola me protegendo no trânsito, evitando buzinada nas costas, tendo a condescendência e compreensão de motoristas mais apressados.
mas o primeiro e gigante passo foi dado.

fuck yeah.

29 de set. de 2012

home, sweet paper home.


veja essas coisas fofas feitas de papel; sou apaixonada, sabia?
tenho uma pasta que contém quilos de gigabytes de imagens e templates pra tudo que se imagina. tudo de papel. mil e duas ideias que ainda não pus em prática por: falta de espaço, falta de material, falta de ânimo.

hoje, cá estava eu organizando essa pasta em subpastas tipo pattern, para enquadrar, paper toy, etc, e me deparo com essa casinha, um dos primeiros layouts que eu salvei no computador. tipo a figurinha número um. achei uma pena ela ter ficado esquecida, pois é uma casinha pequena, simples, fácil de fazer e um enfeite bem simpático.
o problema: eu não tinha sulfite branco. imprimi em azul mesmo. as cores não saíram como deveriam, mas ficou gracioso da mesma forma.

quem tiver vontade de se aventurar, pega o modelo e mais ideias num dos blogs mais sensacionais nesse quesito: just something i made.

24 de set. de 2012

eu não nasci de óculos.


estilo é um troço que você escolha da noite pro dia. não há um momento x no despertar da mocidade em que seus pais lhe convoquem, acompanhados pelo rabino, o padre ou o pastor, mais um colegiado de anciãos, e perguntem: "então, cria minha, chegou a hora: serás punk? yuppie? almofadinha? pit boy? mano? intelectual com a barba por fazer? ou crente de terninho bege?"

estilo é o resultado de milhares de microdecisões tomadas (ou não tomadas) ao longo de muitos anos, escolhas que vão aos poucos definindo desde a postura dos nossos ombros até a cor das nossas meias. por isso, como descobri na semana passada, após duas horas penando numa ótica, é tão difícil comprar uma armação de óculos: pois ali você tem que decidir, no ato - ou ao menos, vá lá, revelar a si mesmo -, quem você é.

comecei pelos mais discretos. armações finas, prateadas ou pretas, com fio de nylon na parte de baixo das lentes. pareciam ok. afinal, eu não queria uns óculos com proposta, queria? não. não queria óculos que fizessem com que, digamos, um frentista perguntasse pro outro "de quem é o troco, lima?", e ouvisse como resposta, "do artista, ali", ou "do john lennon, ali", ou "do cara que pegou os óculos do avô, ali". realmente, os mais discretos me caíam bem. no entanto, pareciam tão sem graça...

por curiosidade, experimentei um daqueles oclões de acetato preto. gostei do que vi, mas, ao mesmo tempo, me senti uma fraude. aquelas armações vendiam um homem mais moderno do que eu. mais antenado. imaginei-me indo à padaria, uma equipe de tv me aborda: "o que você achou do último filme do sokurov?". sokurov? não, amigo, eu só tava indo comprar pão.

do acetato preto, migrei para a armação de tartaruga: uma proposta vistosa, também, embora um tantinho mais conservadora. novamente, me senti em dívida. óculos de tartaruga são para quem já leu pelo menos metade da obra de proust, para quem tem a cultura na memória 1 do rádio do carro. se estivesse com uns óculos daqueles e tocasse red hot chilli peppers, eu teria que fechar os vidros. não, não.

o problema, descobri então, perdido entre plásticos vermelhos e arames beges, é que duas forças lutavam por minha hegemonia: de um lado, queria óculos que não dissessem nada sobre mim, que fossem simples como um copo-d'água. de outro, queria, sim, colocar um gelo e limão em meu aspecto. por que não?

eu venho de um nicho, de um grupo, como qualquer pessoa. qual o problema de afirmar, nas curvas, na espessura, na cor e no material dos meus óculos, a visão de mundo que eu, consciente ou inconscientemente, endosso? sei lá, mas depois de duas horas olhando-me no espelho, acabei ficando com uma das primeiras armações, finas e discretas.

o que não deixa de ser, também, uma declaração de princípios. "de quem é o troco?", pergunta o frentista. "daquele cara ali que, por covardia, por timidez, por orgulho, até, quem sabe, não quer dizer nada com seus óculos." "boa observação, lima. cê devia largar o posto e fazer uma pós em semiótica, sabia?" "tô ligado. aqui o troco, chefia. quer que dê uma olhada no óleo?"
(antonioprata.folha@uol.com.br)

22 de set. de 2012

diário de uma cnh tardia - pt 1.

essa deveria ser a parte 45, se eu tivesse publicado meus outros desabafos.
mas vejam, na idade que todo mundo está todo pimpão na autoescola, treinando a emancipação que chega a galope, eu estava trocando fraldas e perdendo noites de sono.
quem me levava pra cima e pra baixo era a verona do moisa ou o sistema de transporte público de maringá. eu nunca me importei em andar de ônibus, até gosto na verdade.
e eu fui adiando, adiando, adiando. até pegar um medo inconsciente de dirigir.

as fases anteriores a que eu estou agora, são meio surreais. você aprende tudo que já sabe por conta do bom senso e dos anos sentada no banco do carona. e também faz uns testes bizarros de risquinhos e memorização. mamão com açúcar. exceto a prova teórica né, que a gente caga de medo (eu cago). no dia anterior ao meu teste, eu fiquei até umas 2 da manhã fazendo simulado no site do detran achando que aquilo me salvaria de um fiasco. e salvou.

enfim, passando essa parte introdutória, vamos falar da amanda pegando no volante e passando marcha errado. mas antes, saibam que eu ligar um carro sem que ele exploda já é uma vitória.
eu sempre marco duas aulas por vez, daí posso passar uma hora e meia atrapalhando o trânsito da nossa pacata cidade. ando a 30 km/h, deixo o carro morrer no semáforo e quase invado a outra pista umas 67 vezes por aula. hoje foi um dia especialmente ruim. a instrutora havia elogiado que eu não deixava o carro morrer na subida, tinha pego fácil o jeitinho de fazê-lo tremer antes de soltar o freio, etc, etc. daí claro que foi tudo cagado e eu acho que só não causei um acidente porque ela escolheu as ruas mais calmas pra eu poder ser estabanada a vontade.
ela geralmente diz calmamente, quando o carro morre, que é normal, volta pra primeira marcha e sai devagar. só que no final ela nem dizia mais nada e já quase estava carimbando minha ficha com IMPOSSÍVEL ESSA JAPONESA TIREM ELA DAQUI. mas há um sadismo excepcional, porque ela me fez estacionar o carro. claro que eu falei umas 400 vezes "mais pra frente? mas não vai bater?, e disse sorrindo docemente que na próxima aula eu vou treinar baliza. cêjura?

ninguém tem noção da frustração que eu sentia enquanto desacorrentava minha bicicleta e fazia um ar sereno de é apenas a terceira aula.
capaz de eu ter enganado bem.

17 de set. de 2012

eu, o mais infiel.

isabel estava sentada na cama. esperando por mim. só de olhá-la tive uma ereção instantânea. eu continuava gostando dessa mulata. afinal de contas, que fidelidade posso exigir? o mais infiel dos mortais.
fechei a porta. tiramos a roupa devagar. então nos abraçamos e nos beijamos. bem apertados. meu coração acelerou e quase soltei uma lágrima. mas me contive. não posso chorar na frente desta desgraçada. penetrei bem devagar, acariciando-a, e ela já estava úmida e deliciosa. é como entrar no paraíso. mas também não disso isto. é melhor amá-la do meu jeito, em silêncio, sem que ela saiba.

(pedro juan gutiérrez)

16 de set. de 2012

migalhas.

estive relendo trilogia suja de havana e encontrando coisas maravilhosas que não havia encontrado antes. comecei a me lembrar da primeira vez que li gutierréz e do quanto o achei asqueroso e pretensioso. lembrei de mim mesma, falando mal do rei de havana pra amigas que adoraram as cenas de amor, descritas com odor de bunda suja, ralo e mofo. me lembrei da outra amiga, que chegou a trocar e-mails com o autor, por algum motivo, e me dizia "eu também não gostei de primeira, mas dá uma segunda chance. você vai gostar, eu tenho certeza". ela sempre tinha. eu dei uma segunda chance e agora me entrego à literatura e um amor por cuba que não tem explicação. já contei dos meus planos de ir a cuba?

dou pequenas risadas quando leio, nas orelhas, a comparação com a literatura beat, mas quem sou eu pra dizer alguma coisa. tenho esse medo imenso de ser esnobe e arrogante. mas eu sei que, em vários momentos, eu sou esnobe e arrogante. sempre que olho pra trás, eu vejo uns traços. e tenho um gosto amargo quando vejo que poderia fazer algumas coisas bem legais se me apegasse apenas à leveza. poderia estar com o blog motherock ainda, por exemplo. o melhor título que fui capaz pensar até hoje (só anos mais tarde fui descobrir que há uma banda espanhola com esse nome).

fico pensando como será quando me apegar apenas à leveza.
espero não ser tarde demais.

aos que merecem.

toda a empolgação de um bate-papo com ela, que é feminista, doutora em filosofia, colunista, escritora.
depois, toda a decepção porque, afinal, ela é feminista, doutora em filosofia, colunista e escritora.

pouca gente, de fato, estava ali pelo senhor mineiro. o outro escritor. com aquele olhar doce, atento, cabelos brancos e a sacolinha de mercado cheio de livros que ele mesmo vendia, a preços módicos. posso dizer que roubou todo o "brilho" da outra.
ele apenas se levantou e falou durante aproximadamente uma hora a respeito da sua vida, seu estado, seus livros. quase o aplaudi de pé. o sotaque mineiro, o humor afiado, a juventude destemida, o sorriso de orgulho quando falava sobre suas "novilhas".
por mim, mandava o resto embora e deixava ele ali, contando cada historinha da sua existência, até aquelas banais, do pão que esfarelou demais no café da manhã.
se é uma delícia de ouvir, imagina de ler?

não comprei os livros que ele oferecia (nem tinha levado carteira), não tirei fotos (estava muito mulambenta), não tietei (tenho vergonha), mas ele ganhou um espaço no meu blog. e um futuro espaço na minha estante.

21 de ago. de 2012

a vida sexual da mulher feia.

david ter juntado minha bolsa esfarrapada do chão foi o suficiente para eu perder o sono por ele. para eu persegui-lo no buffet, gastar uma fortuna em táxis, errar a contabilidade da empresa em que trabalhava, sonhar barbaridades a qualquer momento do dia, horário comercial incluído. alguém já disse que as mulheres não se apaixonam por uma pessoa, e sim pelo amor. eu arriscaria um adendo: e as mulheres feias não se apaixonam pelo amor, e sim por um fiapo de amor-próprio.
(claudia tajes)

19 de ago. de 2012

da dura poesia concreta de tuas esquinas.

praticamente uma semana depois, parcialmente descansada e livre das obrigações que me afligiam no post passado, venho apenas dizer: a viagem pra são paulo foi linda, porra!
gostaria de contar todos os detalhes, dos mais singelos aos mais sórdidos. mas daí não teria assunto pra falar, quando estiver sentadinha tomando chá na minha caneca nova, escrevendo minha autobiografia (risos).


no total, fomos 32 pessoas, entre estudantes de letras, história, professores e cônjuges. todos sacolejando no ônibus, assistindo algum filme ruim de ação. mas que todo mundo viu até o final, e gritava quando um dos monitores desligava sozinho.
cheguei em são paulo numa sexta de manhã bem ensolarada, fui embora num domingo a tarde igualmente ensolarado. nesses três dias, visitei o museu do ipiranga (só por fora, preferi deitar na sombra e esperar a galera), almocei no mercadão municipal, visitei o MASP, gastei 6 reais numa corrida de taxi, (re)vi amigos paulistas (alguns, vi pela primeira vez depois de anos de amizade virtual), fumei um cigarro na avenida paulista, comprei um isqueiro na galeria do rock, visitei o museu da língua portuguesa, passeei pela pinacoteca, fiquei presa no elevador do hotel com mais 4 pessoas, acordei meu andar inteiro rindo loucamente dentro do quarto, visitei a bienal do livro, comi pizza na bienal do livro, comprei quadrinhos na bienal do livro, quando chorei quando comprei "persépolis" na bienal do livro, encontrei o carlos ruas e mal conseguia parar em pé quando cheguei em casa.




demorei três dias pra desfazer minha mala.
mas entreguei todos os trabalhos em dia e, agora que tudo já passou, deu aquele gostinho de quero-mais-na-próxima.

8 de ago. de 2012

... envelheci 10 anos ou mais, nesse último mês.


~imagem da semana~

vim aqui surtar um pouco.
quinta-feira eu e mais 30 pessoas entramos num ônibus rumo a são paulo pra uma viagem cultural. vamos conhecer museus (*boceja*), andar pela av. ipiranga na esquina com a são joão (é sério, o hotel fica perto), se sentir jacu na cidade grande e se jogar no chão na bienal. pra vocês, crias da capital, não parece lá grande coisa. mas pra quem vive nessas bandas perdidas do oeste paranaense é coisa pra cacete.
e minha responsabilidade com essa viagem foi orçamento, depósitos, receber o dinheiro da galera, contas, andar pra cima e pra baixo com dinheiro na mochila. pior coisa do mundo, gente, é mexer com dinheiro dos outros.
mas enfim, o caixa fechou e C'EST FINI!
agora é só arrumar a malinha (ps - não esquecer toalha) e respirar normalmente.

ou tentar, né.
principalmente quando se está com os prazos de artigos, resumos e trabalhos estourados e implorando pra professor adiar a data da entrega.

4 de ago. de 2012

das banalidades cotidianas (ou nem tanto).

numa conversa trivial hoje, acabei descobrindo que muita gente na universidade acha que o moisa é meu namorado, não marido. que a luana é minha filha, só minha, e não dele também.
sempre achei engraçado em ouvir as pessoas se referindo a mim como namorada dele, ou ele como meu namorado. às vezes corrigia, "somos casados", então explicava que casamos sim, no civil.

foi assim nessa conversa.
contei que estamos juntos há 10 anos. a pessoa me olhou assustada, e confessou achar que estávamos juntos há pouco tempo.
eu sorri.
e pensei nas centenas de vezes que ela viu a luana chamá-lo de 'papai'.

3 de ago. de 2012

nas ruas e nas praças.

então o governador deu o ar da graça num canto perdido do oeste paranaense, para falar alguma coisa na abertura da feira agropecuária da cidade, que estava fazendo aniversário.
só que, nesse canto perdido do oeste paranaense, existe um campus de uma universidade estadual. universidade essa que está, há anos, pedindo restaurante universitário e casa do estudante e reajuste salarial e concurso público para professores e técnicos e tem um prédio inacabado e sofreu um corte drástico no orçamento e [continua infinitamente].
por isso, fizemos uma festinha de boas-vindas ao bonitão.




2 de ago. de 2012

quando as fotos da festa ficam ótimas.

no início é assim:



uns choppinhos e um show de samba-rock depois, fica assim:



ps - sim, eu fui a uma festa de moleton. sô despojada.

29 de jul. de 2012

hello, bitches!

com redes sociais, separando em migalhinhas as pequenas (ou nem tão pequenas) alegrias e agruras diárias, fica difícil ter disciplina pra manter um blog. tenho admiração por quem ainda consegue manter os blogs-diarinhos, aqueles leves e interessantes de ler. tou perdendo isso com o tempo.
mas o hiatus fez bem. por vezes, me pegava pensando em "escrever isso no blog". o que é muito bom, né. fiz bem em não deletar.

e o que aconteceu de março pra cá?
eu andei correndo, ~metaforicamente~ falando.

estou tirando minha cnh, quem lê meu twitter sabe O DRAMA que tem sido. perdi algumas aulas teóricas, tive que repô-las pois agora somos reféns da digital. e deu problema no sistema, faltei outras aulas, tive que repor novamente, não pude ir. quatro meses e quatro turmas depois, eu finalmente finalizei as horas de aulas teóricas e vou fazer prova. mandem boas vibrações, porque depois de tanto tempo, tou precisando muito.

me rendi aos desejos da adolescência tardia e furei a língua e o nariz.
sobre isso eu poderia falar quilos de gigabytes, mas por ora vou dizer que is fucking awesome. e também alarguei as orelhas HAH.
estou com 8mm em cada orelha, e 4mm em um segundo furo na orelha esquerda. eu fiz sozinha, em casa, bem na louca. sim, dói pra caramba. e vou postar fotos em breve, tenho um orgulho imenso deles. acho que mais por eu ter feito tudo sozinha.
logo eu, que jamais pensei em alargar as orelhas.

no mais, provas/trabalhos/projetos na faculdade me tirando a vontade de viver.
esse ano estou bem vagal e faltando horrores. mesmo assim minhas notas estão boas. mesmo assim continuo sem tempo. mesmo assim eu pareço passar 20 horas dentro da universidade.

com o tempo vou falando mais.
senti falta de tagarelar por aqui.
:)

3 de mar. de 2012

pieces of luana III.

- mãe, porque você foi no médico?
exame de vista pra carteira de motorista. explico: tenho que enxergar bem, senão preciso usar óculos pra dirigir. e completo dizendo que tenho a visão perfeita.

- nossa, ainda bem! você ficaria feia de óculos.

24 de fev. de 2012

ficciones.

descubriemos (en alta noche esse descubrimiento es inevitable) que los espejos tienen algo monstruoso. entonces bioy casares recordó que uno de los heresiarcas de uqbar había declarado que los espejos y la cópula son abominables, porque multiplican el número de los hombres.

(jorge luis borges)

12 de fev. de 2012

guess who's back.

duas semanas depois, meu primeiro final de semana de verdade, com cara de final de semana no novo lar.
um primeiro tão enlouquecida em caixas e coisas fora do lugar. você arruma, encaixa as coisas pra parecer em ordem, mas daí precisa tirar uma meia do lugar e pronto, parece que acabaram de descarregar um caminhão de mudança (heh) e todo aquele serviço anterior indo pro ralo.
o segundo, colocando coisas em ordem. meu pai com toda a gentileza, boa vontade e habilidade fazendo instalações elétricas complementares.
ainda há muita coisa fora do lugar, em caixas, em lugares temporários. só espero que, quando tudo estiver no devido lugar, eu não tenha que mudar de novo (amanda chorando em posição fetal no chão da cozinha se isso acontecer).

a grande novidade, além da que minha casa nova é um mimo (fotos talvez em posts futuros), é que eu FINALMENTE estou tirando minha cnh. vocês acreditam? nem eu acredito. a vida toda eu tinha alguém pra me levar/buscar onde quer que eu fosse. e se não tinha, não ligava nenhum pouco em pegar ônibus. aliás, eu até gosto de andar de ônibus. odeio andar a pé e adoro um ônibus.
mas daí que o tempo vai passando e as necessidades passam de cursinhos bobos e compromissos risíveis pra levar e buscar filhos, compras no mercado, idas urgentes a consultórios e pronto-socorro. saber dirigir é uma necessidade. e eu sempre adiei, o máximo que pude. e chegou num ponto que eu comecei a ter vergonha de passar dos 25 anos e não saber dirigir. vergonha de não saber e vergonha de ter medo de aprender, sabe aquela coisa? sim, eu tinha isso. tenho, aliás. tenho medo de ser aquela motorista que as pessoas adoram xingar, cornetar e mostrar o dedo do meio. aquela que passa duas horas pra estacionar, e estaciona mal, que deixa o carro morrer na subida, que não passa a marcha direito, que fica a 30 km/h na avenida às 6 horas da tarde. eu sei que serei assim, porque na hora do desespero, eu viro mulherzinha e só sei tremer e chorar.
mas tudo bem, o importante é que a foto que tirei no detran ficou terrivelmente ingrata e sinto dor no peito quando vejo o canhoto dos 5 cheques pré-datados que deixei na auto-escola.
it's time!

e segunda-feira começam as minhas aulas. e as do moisa. contei pra vocês, não contei? o moisa passou em história *cof-primeirolugar-cof* e vai cursar :)
desde que o conheço, ele diz que gostaria de fazer história. taí, dez anos depois. acho isso o máximo, tou bem animada por ele. se dispor a fazer tudo aquilo de novo, por paixão, pela aventura de talvez se apaixonar por outra área. requer coragem, né? a minha parte - incentivo - eu tou fazendo.
falando em incentivo e coragem, a luana já está na escola nova. agora, estudando pela manhã.
pra ela - SÓ PRA ELA - é uma delícia acordar ainda escuro, ver o sol nascer e ir pra escola de manhãzinha. chegar da escola, almoçar e se jogar no sofá e dormir a tarde inteira. minha filha de 8 anos se comportando como uma de 15 ♥
exceto pela parte de adorar acordar cedo e ir pra escola.
tinha receio por ela sair de uma escolinha particular, onde a sala dela tinha 7 alunos, que todo mundo - incluindo cozinheira e professora de berçário - a conhecia, dar de cara com uma escola pública, sala de aula com 30 alunos, todo mundo estranho, indiferente - pelo volume de crianças, se acotovelando pra se virar. não que tudo isso seja ruim, é até melhor pra exercitar a independência e tal, mas aqui, no coração de mãe, me dava medo. medo dela não se adaptar, não gostar, não se dar bem, ser alvo de chacota por ser princesinha demais.
mas a luana sempre foi muito segura quando o assunto é escola nova. ela nunca chorou como as crianças costumam chorar no início da vida escolar. ela não chorou sequer no primeiro dia da primeira vez que ela foi pra escola.
ela diz que está tudo ótimo, já tem amiguinhas e já está falando que quer voltar pra casa sozinha, que eu não preciso mais ir buscar.

mas então, como eu ia dizendo, minhas aulas começam e minha mochila ainda tem xerox do ano passado.
eu tive as férias inteira pra por toda a papelada em ordem e, provavelmente, vou fazer isso na segunda-feira a tarde. confesso que estou com um pouco de saudades da correria, do cansaço, das pessoas, das perguntas idiotas, das aulas bem dadas, dos cigarrinhos no estacionamento, de pegar o elevador sem necessidade, das páginas e páginas de livros pra ler, da cabeça sendo quebrada pra escrever resumos, resenhas, artigos, relatórios, etc.
um pouco de saudades.
só um pouco.



we are all a little bit fez :)

21 de jan. de 2012

apenas.

18 de jan. de 2012

pieces of luana II.

- mãe, o que é isso aqui do lado, na sua perna?
é celulite, minha filha. explico pra ela o que é celulite.

- óun... tadinha de você!

14 de jan. de 2012

dona anja.

o leão-de-chácara amâncio deixou de espiar pela janela e, enquanto acendia o palheiro oloroso, pensava nas maldades da natureza que afinal transformaram dona anja naquela grande mulher gorda, peitos como nádegas a pesarem sobre o ventre enorme e pregueado, plissado e enxundioso, a grande papada que ainda servia de escora para o rosto sobretudo belo, os lábios quase como os de antigamente, os negros olhos sombreados, pestanejando, os cabelos sedosos que ela ajeitava num coque relaxado, encimando a nuca transformada pelos anos em ouriço, em cachaço que por certo deveria estar perfumado e limpo. como antigamente, aliás.
vinte anos, um pouco menos, um pouco mais. o tempo ás vezes não conta, serve apenas de engodo ou de confissão. impiedoso quase sempre para aquelas mulheres que comem muito chocolate às escondidas, depois abertamente e que, sem mais aquela, sem desculpas e nem subterfúgios, se deixam embalar pela gula desenfreada.
(josué guimarães)

12 de jan. de 2012

pieces of luana I.

- mãe, eu sou um robô, preciso ser ligado.
daí eu me estico, aperto a cintura dela e digo, "pronto, tá ligado".

- eu. sou. um. robô. quero. cérebro!