31 de mai. de 2010

cidade do sol.

- voce não... mammy, tenho medo que...
- pensei nisso, na noite em que recebi a noticia - disse-lhe a mãe - não se vou mentir para você. e continuo pensando nisso. mas, não, não se preocupe, laila. quero ver o sonho dos meus filhos se tornar realidade. quero ver o dia em que os soviéticos vão voltar para casa derrotados, o dia em que os mujahedins vão entrar em cabul, vitoriosos. quero estar aqui quando isso acontecer, quando o afeganistão voltar a ser livre, pois assim os meninos vão ver isso tambem. vão ver essas cenas através dos meus olhos.

logo depois, mammy pegou no sono, deixando laila dominada por emoções conflitantes: por um lado, o alívio de saber que a mãe pretendia continuar viva; por outro, a dor de saber que não era por SUA causa.
nunca deixaria a sua marca no coração de mammy, como seus irmãos tinham deixado, porque aquele coração era uma espécie de praia desbotada onde as pegadas da menina seriam sempre apagada pelas ondas de tristeza que se erguiam e quebravam, se erguiam e quebravam.

(khaled hosseini)