16 de dez. de 2014

the starts will be your eyes...

no dia 9 de dezembro conversava com minha irmã mais velha pelo whatsapp sobre meu pai.
ela ficou o dia inteiro com ele e me contava como ele estava. ele havia perdido a força nas pernas e estava na cadeira de rodas. ficava boa parte do tempo dormindo, respirando com o auxílio de uma bomba de oxigênio. estava planejando ir vê-lo dia 12 e ficar até o natal. falamos de como seria bom pra ele ver os netos e ficar um tempo comigo (sou a única filha que mora longe).

no dia 10 de dezembro acordei e li minha irmã me contando pelo whatsapp que a ambulância foi buscar meu pai pois ele respirava com muita dificuldade. algumas horas depois, ela me ligou dizendo que a situação era grave. chorei. liguei pra minha chefa e pedi pra ser liberada da semana pedagógica. arrumei minha mala correndo (esqueci mil coisas). arrumei a mala do autran correndo. almocei. levei a luana pra escola e peguei a estrada. cheguei no hospital e vi meu pai sofrendo para respirar. ele me viu, sorriu, me abraçou, tirou a máscara de oxigênio para me beijar. trocamos poucas palavras. ele dormia muito. mix da medicação e defesa do corpo.

no dia 11 de dezembro acordei com minha irmã me ligando. meu pai havia piorado consideravelmente e eu deveria correr pro hospital. autran estava com diarreia, decidi tomar banho e dar banho nele. amamentei. arrumei a bolsa e saí. não achava lugar pra estacionar. quando achei uma vaga longe demais do hospital minha irmã me ligou avisando que meu pai havia ido.

estacionei.
desci.
tirei o autran do carro.
andei rápido com ele no colo. senti minhas panturrilhas queimarem.
deixei autran na recepção com minha irmã caçula e subi as rampas do hospital do câncer de maringá.

meu pai morreu no dia 11 de dezembro de 2014, aos 59 anos, de osteossarcoma cervical.

5 de set. de 2014

bonanza.

no relógio, batia 16h25.
tinha um compromisso às 16h30 e tinha acabado de perceber que a blusa que eu havia separado pra vestir estava suja. tinha pego a blusa na montanha-nível-everest de roupa limpa-ainda-sem-passar. joguei em cima da tábua de passar e fui cuidar da vida. "antes de sair eu passo, assim não amassa e nem suja", pensei eu. enquanto passava ferro numas das poucas blusas decentes da minha categoria ~para amamentar~, percebi uma sujeirinha. e não era qualquer sujeirinha: era merda de passarinho.
uma parte do varal fica bem embaixo de um ninho que pardais fizeram no telhado da minha casa. sempre esqueço disso e tenho surpresas desse tipo.

jogo a blusa de volta pro cesto e pego outra, ainda da categoria ~para amamentar~, mas das que também fazem parte da categoria ~só uso quando não tem mais nenhuma limpa~.

era 16h27 e eu mandei um audio no whatsapp avisando do ocorrido e que ia atrasar uns minutinhos.
pus autran no carro e parti.

no caminho, sentia uma sensação de "dever cumprido" do dia.
havia feito tudo que tinha planejado antes de me levantar: lavar o cabelo, fazer o trabalho de linguística de uma forma decente.

(vejam como minhas expectativas andam baixas)

ir para a reunião das 16h30 sem estar vergonhosamente atrasada também era uma mini-vitória, apesar de eu ter planejado dar banho no autran antes de sair e montar uma bolsa digna.
como ele foi especialmente demandante enquanto eu me afogava pra achar exemplos textuais de ~heterogeneidade tipológica~, terminei o trabalho em cima da hora.
o jeito foi dar um banho de gato com paninho molhado na água com cravo, por uma roupa limpa, chinelo limpo, perfuminho pra enganar, pegar uma bolsa qualquer e jogar lá fralda, paninho, uma banana e o copinho de água.

fim da reunião. esqueço de fazer a inscrição pra uma prova que tenho que fazer. ainda assim, chego em casa 10 minutos antes de ter que sair para pegar o ônibus e partir pra faculdade.

cheguei agora, às 23h50.
autran já dorme. luana já dorme.
nesses dias corridos assim, que é tudo atropelado, afobado, afetado, quando chega a paz, eu sinto um vazio.

encher as horas de repente é ruim.
esvaziar é pior ainda.

3 de ago. de 2014

365 dias de autran.

com alguns dias de atraso, venho comemorar publicamente o aniversário do meu filho.
autran fez um ano, no último dia 26.


e que delícia de um ano!
acho que nunca havia passado por um processo de mudança tão grande quanto o do último ano. acho que nem com a luana foi assim. autran chegou me mostrando que bebê bom não é sinônimo de bebê quieto, que existe uma coisa no mundo chamada "bebê high need" e que eu fui agraciada com um. autran me mostrou todo um mundo paralelo chamado maternidade ativa, e que mergulhar nele uma vez é nunca mais sair.
autran me mostrou o mundo das fraldas de pano, do sling, da amamentação prolongada, da criação com apego, do BLW, de montessori... tantas certezas absolutas caíram por terra, me mostrando que nunca é tarde para mudar. que informação pode salvar vidas.

nesse ano, decidi não fazer festa.
por meses fiquei debatendo comigo mesma, pensando nos prós e contras. conversando com pessoas que adoram a ideia, com pessoas que nem tanto. cheguei a seguinte conclusão de que o primeiro ano do bebê deve ser comemorado sim, deve ser lembrado, registrado, dado sua devida importância. tudo isso, da forma que a família entender. se for um jantar para parentes e amigos próximos, uma saída para um restaurante, um pizzaria, um passeio, uma festa de buffet. tanto faz. o primeiro ano é para a família comemorar os turbulentos e intensos 12 meses.
acredito que depois dos dois anos o bebê entende bem o conceito de festa, o objetivo e finalidade.

sendo assim, resolvi fazer uma coisa bem simbólica e minha.
com uma receita de bolo de cenoura natureba nas mãos, fiz pequenos cupcakes e deixei o autran devorar da única forma que tem devorado tudo o que lhe é posto na frente: com as mãos. foram fotos deliciosas, tiradas com meu celular mesmo.
uma receita feita pelas minhas mãos, na tranquilidade do nosso lar, num momento íntimo e acolhedor.
e foi lindo, pra mim. que estou há um ano sem dormir uma noite toda, que estou há um ano lendo e aprendendo incansavelmente, que estou há um ano procurando sempre melhorar em alguma coisa.


cada filho que chega, a gente descobre uma lacuna, a qual não sabia que existia e precisa ser preenchida.
parece que nunca mais vamos conseguir viver sem ser imersa num amor que nem sei da onde surge. e nos perguntamos como conseguimos chegar até ali sem ter isso antes.
ter um filho e mágico, transformador.

ter um filho fazendo um ano é de uma sensação de que a qualquer momento vou explodir de encanto.






30 de jul. de 2014

fraldas de pano modernas - as perguntas que eu mais ouço (parte final)

a última parte não será em forma de questões.
as dúvidas mais frequentes já foram postas. o que vem agora são algumas observações.


» autran usou a primeira fralda de pano com menos de um mês de vida. vazou tudo no primeiro minuto.
levei um tempinho pra me acertar com os ajustes. tinha medo de apertar demais, de machucar. mas depois percebi que tem que ser bem ajustada, ficar bem grudadas ao corpo.
ou seja: não desanime com as primeiras vazadas!
pesquise, converse com quem usa, veja videos, fotos de bebês usando. tudo ajuda, principalmente a persistência.


» comprei duas fraldas enquanto estava grávida para testar. quando vi a maravilha que era, fui comprando aos poucos. então, o autran não foi 100% fralda de pano desde o início. alternei com descartável até, mais ou menos, o quarto mês. que foi quando meu estoque atingiu um número seguro de fraldas. ainda mantenho um pacote de descartável reserva pra quando chove demais, pra quando alguma coisa acontece e há mais fraldas sujas que limpas, etc. porém ele costumar durar meses. cheguei a doar descartáveis M pq o autran não usou.


» quem usa fralda de pano sabe, mas é um fato desconhecido pra quem não: o uso de pomadas pra assadura é proibido. a gordura gruda nas fibras, deixando-as impermeáveis. pomada é difícil de tirar e pode danificar o tecido.
e daí vem a pergunta: mas e quando assa?
o primeiro lance é que raramente vai assar. os tecidos permitem que a pele respire, a sensação sempre seca não deixa o xixi em contato com a pele e não há química em constante contato com a pele sensível.
no entanto, se assar, existe um pozinho mágico chamado "amido de milho", também conhecido como "maizena".
em um ano de fraldas de pano, autran nunca assou.

» aqui em casa eu não tenho trocador. não tive com a luana e não vi necessidade de ter com o autran. isso é escolha pessoal. moro numa casa de dois andares, no andar de baixo (onde passamos a maior parte do tempo), troco fraldas em cima do sofá ou em cima de uma mesa sem uso definido. no andar de cima, troco em cima da cama. as fraldas ficam no andar de baixo, num lugar bem inusitado.

isso menos, a estante da sala


» por esse motivo, não tenho toda aquela parafernália do trocador.


#1 - as fraldas diurnas.
#2 - as fraldas noturnas.
#3 - lencinhos reutilizáveis ➝ são pedacinhos mais ou menos do tamanho de lenços umedecidos descartáveis feitos com uma camiseta velha. o bom é que da pra jogar direto na q-boa que ficam branquinhos e secam super rápido. o ruim é que a vida útil deles é risível (depois de um tempo eles praticamente esfarelam). seu uso é tão versátil quanto o lenço umedecido de pacotinho.
#4 - spray umedecedor ➝ é o que eu uso pra umedecer os lenços. o líquido dentro desse borrifador é trocado com frequência, e é composto apenas de água fervida e uns talinhos de cravo (um antifúngico natural). eu simplesmente borrifo água no paninho ou borrifo diretamente onde será limpo.


um adendo sobre o item #3 e #4: não me adaptei bem ao algodão e preferi usar os paninhos. porém eles não são tão práticos fora de casa. testei os lenços compactos e amei. é uma disquinho de nada que, ao adicionar água, se transforma numa toalhinha ótima pra limpar cocozão. e o melhor de tudo: é biodegradável!

#5 - liners biodegradáveis
#6 - liners reutilizáveis ➝ foi minha tentativa de improvisar. não deu muito certo. não fiz a bordinha das toalhinhas e elas desfiaram loucamente. e lógico, diminuíram de tamanho. hoje uso esses paninhos pra limpar joelho sujo, caqueira de comida, mão imunda e demais cracas.

também tenho um borrifador específico pra acetona, para usar na rua, mas geralmente taco o borrifador grande na bolsa mesmo.


» fralda de pano é muito mais volumosa, então não se assuste do bebê ter que usar um número maior da roupa recomendada pra idade dele. e aquele volume não fará mal ao desenvolvimento da bacia e perninhas dele, fique tranquila.


---

eu entendo e respeito que fralda de pano não é pra qualquer um. elas se ajustaram ao meu estilo de vida e me trouxeram inúmeros benefícios. cada família é livre para fazer suas escolhas, eu apenas divulgo as minhas e mostro que não é um bicho de sete cabeças, não sou escava do tanque e não me toma o tempo que imaginam (acho mais porre lavar tênis e pano de prato que lavar fraldas).
sobre as fraldas de pano - e qualquer outro assunto nessa vida - é interessante ler sobre o assunto, entender seu funcionamento e apresentar para quem demonstra interesse.

para qualquer outra dúvida que surgir ou se de repente fralda de pano pareceu irresistível, é só me escrever ^^

e agora, fiquem aí com essa delícia chamada: autran hahahha








(parte II)

22 de jul. de 2014

fraldas de pano modernas - as perguntas que eu mais ouço (parte II)

depois de uma pausa merecida (férias!), vamos a segunda parte do post sobre as fraldas de pano.
e sem muitas delongas, porque novamente tem muita coisa pra falar!


elas não dão trabalho?
não muito. as fraldas são uma maquinada extra, uma pilha a mais pra lavar. e por lavar, entenda colocar na máquina, ligar, esperar, estender, recolher. entra tranquilamente na rotina de lavagem de roupa aqui em casa.
o que dá um trabalhinho é montar as fraldas, pois eu deixo os absorventes já dentro das capas, prontas para o uso. mas veja, faço isso enquanto assisto TV.
tem mulher que prefere montar na hora.


mas... e o cocô??
o cocô dá mais trabalho quando é do bebê que mama exclusivo. como eles grudam, são pastosos e fazem aquela meleira, o lance é pré-lavar mesmo. tacar debaixo da torneira e dar uma leve esfregada pra tirar o excesso. mas veja, os tecidos internos das fraldas de pano são aqueles que não absorvem nada, um jato de água forte e boa parte da nhaca vai pelo ralo.
há também, para facilitar a vida, os liners, que são "folhas" que se coloca entre a fralda e o bumbum do bebê. objetivo é justamente segurar os sólidos (ou "pasta" hahah) pra não sujar demais as fraldas. os liners podem ser de duas formas: biodegradáveis ou reutilizáveis.
os biodegradáveis são de alguma fibra natural (já vi de milho e bambu) que pode ser jogada na patente e dar descarga (eles dissolvem na água). compra-se rolinhos de 100 folhas em lojas de produtos para fraldas de pano.
os reutilizáveis, como o próprio nome sugere, é de tecido. daí você pode escolher e fazer sozinha, geralmente usam poliéster ou pegam um tecido fraldado mesmo (aqueles de fazer paninho de boca) e cortam na medida. daí eles da pra ferver, bater loucamente na máquina, etc.
é só escolher o que lhe serve melhor. eu usei muito pouco liner, o autran nunca foi muito cagão (hahah).

quando o bebê estiver comendo mais que mamando, a pasta vai embora e a coisa fica mais fácil. da pra jogar os sólidos direto na privada e dar descarga e o que fica na fralda é quase nada. mas se quiser continuar usando liner, à vontade.


aí, ó... da trabalho sim!
não vou dizer que agradável esfregar fralda. e a gente enfia a mão na merda de qualquer jeito, com fralda de pano ou descartável, afinal toda mãe é fartamente presenteada com aquelas cagadas que sujam até o pescoço da criança.


e como você lava?
primeiro preciso lembrar de duas coisas:
- é legal as fraldas terem um balde próprio para seu armazenamento.
- existem vários métodos de lidar com as fraldas. o que eu vou descrever foi o que mais se adaptou à minha rotina.

deixo acumular fraldas por dois ou três dias, em um balde na lavanderia. o ideal é um balde fechado, mas o meu é aberto mesmo, pois a lavanderia é ventilada.
separo as fraldas de xixi e as de cocô. as de xixi eu tiro o absorvente de dentro e jogo capa e absorvente na máquina. as de cocô eu vou tirar o excesso e depois junto com as de xixi na máquina. tudo junto, dou um pré-enxágue pra tirar excessos. depois, adiciono algum produto para lavar e dou um ciclo completo com enxágue extra.
ou seja, no total, a máquina enche três vezes. como o nível da água é médio, não demora muito.
tem gente que prefere lavar as fraldas pré-enxaguadas com a roupa da criança, e assim lavar tudo de uma vez. eu prefiro lavar separado.

os produtos para lavar merecem atenção.
as fraldas de pano não podem ser lavadas com sabão em excesso! especialmente aqueles que fazem muita espuma e deixam um cheiro maravilhoso nas roupas. quanto menos química grudadas nas fibras, melhor. o ideal é lavar somente com água, mas ninguém aguentaria o futum.
novamente, há vários modos de lavar as fraldas. há quem use sabão de coco, vinagre, óleo de malaleuca, alvejante (não recomendado), desinfetante... eu prefiro usar esses aqui:


essa redinha aí é onde coloco as fraldas com velcro pra não ficar tudo grudado hah

sim, detergente neutro é ótimo! não faz muita espuma e tira o mau cheiro.
sim, bicarbonato de sódio é ótimo! especialmente pra tirar manchas.
sim, vanish é ótimo, mas não uso em toda lavagem. além de caro, tem todo aquele lance da química e tal.
a quantidade não passa de uma tampinha de garrafa pet por nível médio de água. ou seja, é um TIQUINHO mesmo.
amaciante é expressamente proibido.
quem tem neura com roupa branquinha e cheirosinha vai sofrer um pouco até desapegar. as fraldas ficam com cheiro de sol e mancha é apenas uma mancha.


mas e quando você sai de casa, como faz com as fraldas usadas?
tem as pessoas que preferem usar descartáveis quando saem. mas há os que usam fraldas de pano mesmo na rua.
na segunda opção, não tem segredo. há os sacos impermeáveis, ótimos pra roupa suja e fralda usada.


ele pode ser lavado junto com as fraldas ou as roupas do bebê, como é impermeável, não deixa cheiro na bolsa. é uma mão na roda. o meu tem dois bolsos, geralmente coloco a fralda limpa, dobradinha, do bolso pequeno e a fralda usada no bolso grande.
mas pode acontecer de a gente esquecer o saco e acabar se deparando com uma fralda suja nas mãos. muitas bolsas de bebê já vem com um compartimento interno, com zíper e tudo. guarda ali e tira assim que chegar em casa (mas só em caso de emergência: fica cheiro de xixi (sai com o sol). ou basta improvisar: já andei com fralda cagada dentro de sacolinha de mercado na bolsa.


vem cá, tem mais produtos específicos?
o liner é completamente opcional. o saco impermeável, idem.
mas ambos facilitam MUITO e tem sua utilidade.


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fim da segunda parte.
em breve, a terceira e última ^^

(parte I | parte III)

2 de jul. de 2014

fraldas de pano modernas - as perguntas que eu mais ouço (parte I)

a primeira vez que ouvi falar de fraldas de pano foi nesse blog.
achava a coisa mais linda os filhos mais novos do casal usar fraldas coloridas, gritando estilo e preocupação com o meio-ambiente. até então, as únicas fraldas de pano que tinha conhecimento eram as que minha mãe usou na minha irmã mais nova: aquelas famosas fraldas de algodão que tinham que ser lavadas cuidadosamente, fervidas, passadas, dobradas, as calças plásticas que estouravam o botão com o tempo, os alfinetes, as assaduras e o trabalhão que dava.
achei fantástica a notícia de que haviam fraldas de pano modernas, adaptadas para os dias de hoje, mas foi um baldão de água fria quando vi como a mãe desse blog lidava com elas: não via aquilo dentro da minha rotina, jamais. todos aqueles utensílios, coisas que nunca havia visto na vida ("soap nuts"??) e toda uma engenharia que não visualizava funcionando comigo.

daí eu engravidei.
daí eu quis porque quis usar fraldas de pano também.

também quis um filho com um bundão colorido gritando estilo e preocupação com o meio-ambiente.
ainda mais depois de ver que várias famílias pelo brasil eram adeptas às fraldas de pano modernas.
e quanto mais eu pesquisava sobre o assunto, mais encantada eu ficava. depois de um tempo, não era só questão de estilo e meio-ambiente, era paixão.
bem que me avisaram: fralda de pano vicia.

nesses 11 meses, tive a oportunidade de conhecer muita gente que vende e usa fraldas de pano, e mais gratificante é poder ajudar mães que estão entrando nesse mundo cheio de nomes estranhos, siglas, regrinhas. o mar de dúvidas é desanimador.
por esse motivo, resolvi fazer um FAQ também, um pequeno manual para iniciantes, respostas automáticas para as perguntas de sempre, uma entrevista comigo mesma, o que você quiser chamar.
quero trazer a fralda de pano pra minha realidade.
além de mostrar que não sou escrava do tanque, que fralda de pano moderna tem o "moderna" por vários motivos. e um deles é a praticidade :)

bom, então senta aí bem confortável, que lá-vem-mais-um-post-gigante.


por quê?
como dito anteriormente, a primeira coisa que me chamou atenção nas fraldas de pano foi a lindeza delas. é isso mesmo, me julguem. achei a coisa mais mimosa do mundo. calcinha/cuequinha por cima da fralda descartável não é a mesma coisa. eu queria um bebê com um bumbunzão estampado, colorido, diferente.
em segundo lugar, se formos pensar com consciência, é realmente preocupante o tempo que uma fralda descartável demora pra se decompor na natureza (em média, 600 anos). fora a contaminação pelas fezes e urina, já que as fraldas são consideradas lixo orgânico (ou lixo "molhado") caseiro e vão para lixões ou aterros. se formos fazer um cálculo por cima, um bebê que use 5 fraldas por dia, ao final de dois anos - que é quando, geralmente, acontece o desfralde - ele terá usado 3.600 fraldas. agora multiplica isso pelo tanto de bebê que deve ter na sua cidade. assustador.
pegando a carona das 3.600 fraldas até o desfralde, vamos por aí 1.800 por ano. cada pacotão de fralda descartável vem umas 30 fraldas (depende do tamanho, ou vem mais, ou vem menos) e custa, chutando aí, uns R$ 20,00 numa promoção bacana, então cada fralda sai por R$ 0,66. vamos arredondar pra R$ 0,70. no final de um ano, você gastou R$ 1.260,00 em fralda descartável. e olha que a conta foi de uma marca mediana... a gente sabe que tem pacote aí custando bem mais que isso.

esses foram os três pilares que me fizeram decidir pelas fraldas de pano.
fora esses, tem as vantagens delas prevenirem assaduras, serem livres de química e serem agradáveis com a pele sensível do bebê.

quanto custa essas fralda aí, então?
pra ter um estoque funcional, recomenda-se ter o número de fraldas que seu bebê usa mais 50%. eu acho pouco, muito pouco. mesmo lavando diariamente. e quando chove? e quando a vida vira um caos e não rola lavar? e quando o bebê tá com piriri e acontece mais trocas? tem que pensar nisso. acho que um estoque bacana seria ter umas 20 fraldas.
cada fralda de pano custa, em média, R$ 30,00 (as chinesinhas de tamanho único, já explico sobre elas). então no final você gastaria R$ 600,00 de fraldas pro seu filho - que vão do nascimento ao desfralde. diferença bem grandinha, né?

explica essa "chinesinha de tamanho único" aí...
a maioria das minhas fraldas são desse tipo: chinesas, tamanho único. sim, fabricadas na china; como diz numa das etiquetas: "made in china with love". elas são importadas e revendidas por mães empreendedoras e/ou que querem adquirir uma renda extra. quase 99% das lojinhas estão no facebook. por isso que se você for no google e procurar pelas fraldas ecológicas, vai encontrar marcas e modelos diferentes das que eu tenho. o mercado nacional de fraldas de pano é muito interessante e diversificado. porém, por afinidade, eu preferi as chinesas. posso até explicar pra quem está decidindo sobre qual tipo de fralda usar (sim, há vários tipos) os motivos, mas privado. aqui eu me alongaria demais.
o tamanho é único porque ela é ajustável. serve pra bebezinho bububu a criança praticamente desfraldada.


que marca e modelo/tipo você usa?
os modelo/tipo são pocket, e como o próprio nome diz, vem com um bolso interno onde se coloca um absorvente. geralmente, cada fralda vem acompanhada de seu próprio absorvente, mas se você quiser usar outra coisa no lugar, pode ficar a vontade. tem mães que fazem os próprios absorventes com tecidos que gente que costura conhece bem. como sou leiga no assunto, me atenho aos de fábrica. as marcas chinesas que tenho são babyland, ananbaby, sunny baby e oyko kids. também tenho um outro modelo que não sei como se chama, é de fabricação nacional, da fralda bonita. é toda de algodão e o absorvente é costurado. por isso chamo dela de "nacional".
aqui tem três exemplos das fraldas diurnas do autran:


fechadinhas...

... abertinhas!

na segunda foto, dá pra perceber bem qual é o absorvente que vem na fralda. os outros são a famosa fralda cremer velha de guerra, que os antigos usavam no bumbum e que hoje a gente faz biquinho de crochê e usa pra limpar boca, vômito e cacas em geral. essas cremer ainda funcionam bem como absorvente adicional.
a fralda xadrezinha é a nacional. eu só coloco uma cremer a mais pra garantir que não vai encharcar.

aiai agora tá complicando... como assim "diurna"? tem noturna??
tem e não tem. eu falo diurna porque durante o dia rolam mais trocas então não é reforçado como as noturnas. mas calma, pelo menos as minhas noturnas não mudam muito.
olha elas aqui:


fechadinhas...

... abertinhas!

da pra ver que tem um absorvente diferente ali, né? aquele é um absorvente de fibra de bambu, um mega absorvente. até os 5 meses o autran usava só um daquele durante a noite inteira. ah, sim, nunca troquei fralda a noite.
as outras duas fraldas abertas são dois absorventes diurnos juntos, e uma cremer estampadinha (com biquinho, óun) com um absorvente comum.
todos os absorventes que vem nas fraldas são de 3 camadas de microfibra.

nunca trocou fralda a noite? não assa? não vaza?
não, não e não.
as fraldas que eu compro são feitas com dois tipos de tecidos: o interno e o externo. o externo eu sempre compro impermeável, esses tecidos estampados e coloridos são de "pul", parece plástico e é um pouco elástico. o interno é de microfleece ou suedine. ambos permitem a pele respirar, pois não absorvem umidade. por isso, a sensação do bebê é de pele sempre seca. por isso que não assa.


esse monte de tecido não esquenta não?
como já dito, a pele respira com o microfleece e o suedine. se esquentasse, incomodaria, se incomodasse, o autran iria reclamar :)


--

percebi que o post está ficando muito mais que gigante, e por isso vou separá-lo.
aqui finda a primeira parte.
logo eu mostro os produtos que deve-se usar com fraldas de pano, minha rotina de lavagem, etc.

(parte II)

15 de mai. de 2014

i never said i work better in chaos.

depois de esgotar todo o resto de estrutura cognitivo-acadêmica do meu cérebro analisando um filme alemão dos anos 70, vim chorar as pitangas aqui nesse blog jogado ao relento.
olha, tem sido difícil.

acho que nunca tive que lidar com tanta frustração atrás de frustração. moisa diz que é a vida adulta, cheia de responsabilidades, é assim mesmo. mas será? será mesmo que a gente cresce, se desenvolve, cria autonomia, deseja profundamente ser adulto, ser dono do nariz, ter uma casa com cachorro e quintal... pra isso?
pra mal ter tempo de lavar os cabelos, de fazer as unhas (e digo apenas lixar e cortar as carninhas excedentes das laterais, porque isso é "unha feita" pra mim ultimamente), de contemplar o céu azul/cinzento, de pensar no que fazer pro almoço e se planejar, de ter o prazer de ler um livro por quer ler e não porque tem prova dele AMANHÃ?

a vida tem sido uma correria danada, pausada por uma azia aqui, uma enxaqueca ali. de repente se cai doente, e da-lhe métodos farmacológicos, porque nem saco/tempo pra chá eu tenho mais. quem dirá procurar um homeopata e lidar com isso como deve ser.
falando em médico, tenho pavor de pensar em dar de cara com o ginecologista que falou pra voltar lá 40 dias após o parto para um preventivo, ou dar de cara com o dentista pra dar um jeito nessa obturação que caiu e cariou e me constrange quando sorrio, ou encarar as tias do postinho, as mau-humoradas que odeiam quando eu atraso a vacina. tudo isso numa não-rotina cronometrada, com cama desfeita e roupa sem passar.

me sinto tão despersonalizada com os cômodos ainda tomados por caixas de papelão, tudo ainda por fazer, os livros acumulados na mesa de estudos que virou mesa de entulho. os projetos e atividades deixados tão pra depois que passam do tempo. alguns, desisto mesmo.
os filmes, as séries... puts!
estou engolida, cada dia mais, por esse buraco negro chamado jornada tripla - mãe, dona-de-casa, professora, universitária (quádrupla?).

em algum canto desse correria, entre achar o par certo da meia e trocar fraldas de cocô, eu perdi a leveza.
perdi a calma, a serenidade. ando puro stress, puro nervos.

algo me diz, e também as pessoas me dizem, que essa loucura vai passar.
que quanto menos esperar, terei aquelas tardes só pra mim e, quem sabe, voltar a ter o luxo de fazer meus bonequinhos de papel simplesmente porque quero e posso fazer.
mas algo também me diz que um dia sentirei falta desse caos. e de que eu preciso aproveitá-lo de alguma forma.

só me resta saber como.

8 de abr. de 2014

BLW - algumas dicas para iniciantes.

depois de várias semanas (meses) de uma promessa feita a mim mesma, cá está a tradução desse texto esclarecedor e encorajador para quem está começando ou cogitando BLW.
em grupos e foruns, sempre reproduzo as falas desse texto. porém estava ficando cansativo e repetitivo demais. e todos sabem: tempo pra escrever é o que eu não tenho.
quis traduzir e mostrar diretamente o link. a lei do menor esforço.

antes de tudo, que fique claro que foi uma tradução livre, com a minha interpretação e adequação das expressões.
aos que conseguem ler em inglês, sugiro ler a fonte original :)

"Baby-led weaning" ("desmame guiado pelo bebê") é, de certa forma, um termo brega para quem deixa seu filho se alimentar sozinho. Corta-se o alimento de uma forma possível de manusear, como palitos, e o bebê come. Bem simples.
A diferença-chave entre o BLW e a introdução alimentar tradicional, quando pensamos nisso, é a ordem em que a criança aprende a comer. Com papinhas, eles aprendem a engolir primeiro e depois a mastigar, o que funciona bem até eles se depararem com um pedaço grande de comida. com BLW, os bebês aprendem a mastigar primeiro e o engolir será aprendido com o passar do tempo.
É "guiado pelo bebê" no sentido de deixá-lo fazer o que ele quer fazer enquanto aprende, e os pais, resistir à tentação de se prender no quanto ele está comendo, não se importar se ele gosta ou não da comida que você acha que ele iria gostar e se ela está sendo esmagada na cortina mais próxima. o principal é... diversão saudável.

Se você deseja tentar, aqui estão algumas dicas vinda de pais que contribuíram em nosso forum:
1 - Faça uma boa pesquisa pela internet em blogs, informações e, em particular, videos de BLW. Ver pequeninos de 6 meses devorando a comida e os suspiros dos pais orgulhosos por trás da câmera (e por "pais" eu me refiro ao pai mesmo, é sempre o pai!) te dará segurança.

2 - Esqueça a "comida do bebê". Comida é comida, contanto que não tenha sal. Para começar, pense em comida cortada em tiras, pois é mais fácil para bebês de 6 meses segurar. Mas em breve você poderá utilizar pedaços menores para estimular o desenvolvimento do movimento de pinça.

3 - Como primeiro alimento, a maioria das pessoas usam cenoura, pepino e torrada em fatias ou pedaços de manga, essas coisas, mas lembre-se que não há razões para que seu bebê não coma macarrão a bolonhesa ou purê de batatas, se for isso que o resto da família está comendo.

4 - Nada de vasilhas (prato), eles estão pedindo para serem arremessados pra cima. coloque a comida na bandeja do cadeirão ou na mesa e lembre que tudo é aprendizado para o bebê. E eles não se importam se o aprendizado é "ooooh, tem manga dentro da minha boca" ou "ooooh, a vasilha (prato) está voando pela cozinha".

5 - Como um comedor experiente, você já tem todos os equipamentos que precisa para alimentar seu filho, mas há coisas a se considerar. Uma cadeira fácil de limpar é um bom exemplo, então dirija-se à loja mais próxima e adquira uma cadeira simples, que possa ser posta debaixo do chuveiro ou que possa tomar um banho de mangueira em um dia ruim com brócolis.

6 - Vai haver sujeira, ah e que sujeira! Caso esteja no verão, não tenha medo de comer do lado de fora ou seminu (o bebê também, caso você goste disso he he), para o inverno, existem babadores de manga longa e os babadores pelicano.

7 - Colocar uma toalha sob a cadeira de alimentação é uma ótima ideia se você possui tapetes ou carpetes e algumas pessoas acham que um "crinkle cutter" é muito útil pra deixar o alimento mais fácil de pegar.

8 - A experiência diz que quanto mais esforço você faz para fazer algo especial para seu bebê, menor é a probabilidade dele querer comer. Dê-lhe o que você está comendo. Se eles odiarem, tudo bem, eles estão recebendo nutrientes do leite também.

9 - É claro que seria perfeito se conseguíssemos ter todas as refeições em família, mas nem sempre é possível. Ainda assim, tente manter a "atividade social" em mente, mesmo que seja só você e seu bebê dividindo um sanduíche. continue sorrindo, curtindo, prestando atenção. Isso são boas maneiras e nunca é cedo demais para as crianças aprenderem.

10 - Não se prenda à três refeições por dia, pode demorar um pouco e você terá que trabalhar em cima disso. O que quer que seja conveniente e agradável para vocês é o melhor.

11 - Não coloque muita coisa de uma vez na bandeja do cadeirão, apenas alguns pedaços de comida. Senão eles se sentirão sobrecarregados.

12 - Fome real pode ser frustrante para os bebês quando eles ainda estão se "apegando" (quase literalmente) às coisas. Alternar "refeições" com a amamentação pode ser uma boa e, não é porque come-se com as mãos que você está limitada para sair de casa. Nada impede de cortar pedaços de cenoura e pepino em uma tupperware, comprar um banana ou apenas tirar alguns pedaços de uma salada ainda sem tempero.

13 - Nunca coloque comida dentro da boca da criança, deixe que elas coloquem sozinhas para que possam controlar os movimentos. Se o bebê engasgar, lembre-se que é essa a maneira deles fazerem a comida voltar para a boca e não entre em pânico. Alguns pais dizem que fazer caretas simulando a mastigação exageradamente ajudam o bebê.

14 - O conteúdo das fraldas em breve irão te fascinar de um modo que você jamais imaginou ser possível. Passas reidratadas, pedacinhos ainda verde de brócolis que de alguma forma se esgueirou no sistema digestivo e os estranhos fios pretos no cocô produzido pelas bananas. Olhem e aprendam, moças!

15 - Tenha sempre a câmera a postos para capturar aquele primeiro sorriso pegajoso e cenourado. Por mais assustador que possa parecer, o desmame é um tempo curto na vida de seu filho. Então lembre de apreciar...

18 de mar. de 2014

pode dar gelatina pra bebê?

eu sempre achei que podia.
afinal, dão gelatina de sobremesa nos hospitais, não pode ser ruim, né?
pois é.
até você ver o tanto de açúcar que tem um pacotinho comum ou o tanto de ingredientes com nomes estranhos. e pra mim, quanto mais nomes estranhos, mais artificial.

aí um dia eu vi uma amiga falando da "gelatina sem açúcar" que ela dava pro filho.
imaginei uma coisa difícil de fazer, ruim e sem graça. aquele velho pensamento de ligar coisa saudável a coisa sem sabor.
porém, pasmem, é super fácil de fazer, super fácil de achar os ingredientes e fica muito bom!

não precisa nem pegar papel e caneta, é tão simples que dá pra fazer de cabeça :)

gelatina de bebê

você vai precisar de um saquinho de gelatina ágar-ágar e suco integral de uva de sua preferência.


bom, o modo de fazer vai depender de muita coisa. eu diria pra seguir as instruções da embalagem da gelatina, mas eu fiz diferente.
dissolvi um pacotinho (na embalagem, vem dois pacotinhos) em 300 ml de água fria e acrescentei mais 300 ml de suco de uva.

quis que ficasse mais duro para que o autran pudesse pegar com as mãos, que ficasse bem firme para poder ser manipulada por mim e por ele.
e ficou beeeeem durinha mesmo, mas macia o suficiente pra ser esmagada com a língua. ou seja, bebê sem dente pode comer tranquilamente.


depois de por a foto no instagram, a mesma amiga que me "apresentou" a gelatina ágar, me disse da possibilidade de acrescentar pedaços de frutas inteiras e variar o sabor.
uma rápida pesquisa no google e a gente tipo, descobre o brasil com o tanto de coisa que dá pra fazer.

o legal é que ágar-ágar é super natureba, uma boa opção pra quem está em dieta dukan ou vegana, não "derrete" em temperatura ambiente, é pura fibra alimentar e pode ser usada tanto pra doce quanto pra salgado!

yummy ^^

9 de mar. de 2014

baby-led weaning.


autran já tem 7 meses e quase duas semanas. não é de se espantar que o bichinho já come comida sólida há algumas semanas.
ainda grávida, li sobre BLW e fiquei encantada: era o que eu precisava na minha vida! nada daquela escravidão (minha e do bebê) de alimentá-lo a quantidade que eu achar que deve, nada daquela escravidão de cardápios e pelo menos 3 legumes a cada refeição. no BLW, o bebê come alimento da família, com as próprias mãos, explorando a textura real, cor, sabor, experimentando o alimento in natura - ou cozido -, sentindo o sabor por si e a autonomia de parar quando achar que está satisfeito. a teoria é maravilhosa, sério.
já havia lindo horrores sobre o gag-reflex, aquele falso engasgo que tanto aterrorizam os pais. um pouco de estudo para compreender a anatomia e o reflexo são o suficiente para não ter mais medo quando o bebê começar a fazer ânsia, lacrimejar e forçar o alimento para fora da garganta. isso é sinal de um bebê saudável, de um corpo que sabe se defender sozinho.

e foi assim que começamos por aqui.
alguns dias depois de completar 6 meses, dei uma tira de melancia ao autran e deixei a coisa acontecer. ele brincou, lambeu, mordeu, deixou o caldinho escorrer pelos braços. depois, cenoura, beterraba, laranja, pêssego, couve-flor, brócolis, abóbora, pepino, manga, batata, mandioca, banana, maçã, frango...
no começo, cozinhava no vapor o que era duro demais, o resto dava cru mesmo. sem sal, sem óleo, sem nada.
foram semanas de descobertas, caretas e muita sujeira.
depois de um mês da introdução alimentar, comecei a misturar os vegetais e fazer adaptações de receitas para o autran comer. é uma coisa bem gostosa, se aventurar nessa ~alimentação consciente~. pensar que aquele serzinho vai experimentar aquilo pela primeira vez te incentiva a fazer com mais zelo ainda.

no entanto, eu percebo uma escassez de receitas compartilhadas. especialmente pra quem está começando e ainda não dá a comida da família para o bebê - sim, porque no BLW não existe papá do nenêm, ele come a comida que está na mesa.
tempos atrás eu mostrei o autran comendo um omelete com couve-flor no instagram e várias colegas que utilizam o método pediram a receita e dicas, pois sentiam que não havia variedade na dieta de seus filhos, porque só davam o alimento puro.
por isso, resolvi começar a compartilhar as receitas que testo, e que são aprovadas pelo mocinho da casa.


e começo com uma das coisas campeãs de "obaaa" aqui em casa:

bolinho de arroz :)


você vai precisar de:
1 xícara de arroz cozido
1 ovo
1 cenoura média ralada
1/2 beterraba ralada
1/2 chuchu ralado
farinha, para dar a liga.


o modo de fazer é mega simples, né: mistura tudo numa vasilha e coloca pra assar.
a quantidade de farinha depende do tanto de água que o chuchu soltar, o tamanho do ovo e se o arroz estiver muito papento. vai no olhômetro mesmo. se sentir que pôs farinha demais, coloca um pouco de água e vai indo até ficar uma meleca que dê pra fazer bolinhos.
eu deixei 30 minutos à 200°C, mas depende muito do forno também. fique de olho e prove um, por volta dos 20 minutos.


você pode fritar se quiser, mas autran nunca comeu nada frito e tou evitando fritura em casa. usei forminhas de silicone de cupcakes e fiz os bolinhos em forma de quibe. é mais fácil pro autran pegar com a mão pra comer.

ALGUMAS OBSERVAÇÕES

» eu uso arroz integral. cozinho sem sal, sem óleo, temperado só com cebola. quem preferir usar arroz branco, fique à vontade.

» um adendo ao ovo: eu introduzi gema de ovo logo no início e fiquei observando alguma reação alérgica. após algumas semanas, fui introduzindo a clara aos poucos, pois ela é mais alergênica. também nenhuma reação. por isso coloco ovo nessa receita. se você não fez o teste, sugiro tirar o ovo e usar um pouco de água para dar a liga. ou use apenas a gema. ah, e costumo usar ovo caipira ;)

» você pode usar os vegetais que quiser. usei estes porque era o que tinha na geladeira. também deve ficar gostoso com batata, abóbora... use a imaginação :)

» usei farinha de arroz por ser livre de glúten. pode-se usar farinha de trigo integral também. ou a branca mesmo. fica a seu critério.

» a receita original leva 50g de queijo ralado. não pus porque autran ainda não foi apresentado aos derivados de leite, e pretendo fazer isso somente após o primeiro ano. mas, novamente, fica a seu critério colocar. deve ficar muito bom. adoro queijo heh

» acrescentei cebola desidratada e salsinha pra dar uma temperada no bolinho. você pode por outras ervas também. não pus sal porque também não o introduzi na dieta. o corpo do bebê de menos de um ano só suporta 1g de sal por dia, os rins dele ainda não são eficientes ao ponto de processar mais do que isso. por esse motivo, as receitas do autran não levam sal nos ingredientes.

é gostoso? para o nosso paladar viciado, não. fui provar um e coloquei mostarda pra "sentir algum sabor" HAH
mas o autran amou. comeu três quibinhos no almoço e um quibinho e um cupcake no jantar!





essa receita é boa porque não faz tanta sujeira como a de costume.
quer dizer... faz. mas é pouca perto de um macarrão com molho de tomate, por exemplo.
heh


tá olhando pra onde, menino?


ps - pra quem se interessou pelo baby-led weaning, tem esse site aqui (em inglês) para começar a entender que diabos é isso aí :)

23 de fev. de 2014

tudo combinando.


tava aqui surtando com a gemeção e falação do autran, num sono dito popularmente "dos anjos", e lembrei que há tempos não bato os pezinhos pra esses lados.
meu amor pelo blog me fazendo digitar de um teclado touch, lance que eu não me acostumei ainda. um salve ao corretor ortográfico, mas esse que sugeter, não o que substituiu sem você pedir.
sim, tenho um celular metido a besta, o que significa muitas fotos desnecessárias m. mas bem, é de fotos desnecessárias que eu vivo.

tipo essa do início do post, só pra lembrar um dia ni futuro como essa belíssima combinação deixou o autran ainda mais apertável. pra lembrar de uma época que autran rolava dormindo, fazendo "air uuuu auauaaa" de olhos fechados. de como ele ainda não dá muita bola pro naninha velho de guerra. lembrar da cama.compartilhada no chão do meu quanto, por motivos de: ar condicionado.

a alguns dias de completar 7 meses, autran ainda é mamador, colero, encanto e magia. já senta sozinho, se arrasta com uma velocidade inacreditável e vejo sinais da angústia da separação.

todo esse novo mundo - e a nova rotina com a mamãe trabalhando e estudando - merecem posts mais dedicados e exclusivos.

o que não vai rolar nesse teclado.

28 de jan. de 2014

rocking my world for the past 6 months.


chegamos ao marco de seis meses de vida!
seis meses de amamentação exclusiva.
seis meses de cama compartilhada.
seis meses de muito apego.

autran é um exímio rolador.
girou pela primeira vez dia 1 de dezembro de 2013. hoje é capaz de atravessar um cômodo rolando.
nessas manobras, já o flagrei lambendo o chão, mascando o fio do ventilador e mordendo um chinelo.
ele levanta o corpinho pra se jogar pra frente, mas o que faz com maior destreza é se arrastar pra trás.
ainda não é firme ao sentar-se. aliás, essa habilidade será complicada. ele não gosta de sentar. prefere ficar em pé, segurando em um apoio, ou deitado de bruços. quando vou colocá-lo sentado, ele esticas as perninhas. só forçando para dobrá-las.

autran adora um colo.
pode ser de quem for, se está no colo, está tudo ótimo.
raramente estranha pessoas. gosta de ser jogado pra cima, de que pulem com ele no colo. deve sentir-se numa montanha-russa.


autran vocaliza duas consoantes: o "d" e o "b".
de vez em quando, é um tal de dididididi e babababa que não tem fim. morro de amor.
adora tomar banho. adora passear no sling. adora seu mordedor rosa.
odeia cobertor e ficar no carrinho.
já tem seu ciclo circadiano definido há bastante tempo.
dorme bem à noite, exceto em fases de pico de crescimento.
sua necessidade de sucção caiu consideravelmente, o que me faz lembrar que há quase dois meses perdemos a "chupeta de emergência" e não compramos outra. autran é 100% chupeta free. yey!

autran já experimentou melancia e maçã, mesmo não tendo dentes.
sua introdução alimentar está sendo inciada pelo método BLW, guiado totalmente pelo próprio bebê com alimentos servidos aos pedaços para comer com as mãos.

continuo não levando-o ao pediatra. e continuo achando que não precisa.
autran é um bebê saudável, que cresce a olho nu. roupas M não servem mais. suas dobras e meus braços afirmam com veemência que ele está ganhando peso.

não sei quanto pesa ou quanto mede. e acho que isso prova meu total desapego às tabelas que fazem mães se desesperarem por seus filhos não se encaixarem em um padrão. cobrando dos pequenos desde tão cedo, sociedade?


até que ele não mudou muita coisa... :)

autran enche nossos dias com risos e choros, com exigências e demandas, com conquistas e paixão.
me é impossível imaginar a vida sem ele.

seis meses; tão pouco tempo, tão transformador.

19 de jan. de 2014

as time goes by.

já não faço mais promessas pro blog.
ás vezes eu até falo "vou falar depois sobre isso" e, claro, acabo não falando. daí passa muito tempo, e eu fico com vergonha de continuar falando como se não tivesse um espaço de 7 meses entre os posts. não sei o que é pior, nesse caso.

tenho milhões de posts na cabeça.
queria muito mostrar como anda o quarto montessoriano do autran. todo o processo de montagem e os objetivos. porque agora, finalmente, ele tem um quarto só pra ele.
ainda fazemos cama compartilhada. joguei um colchão de solteiro do lado do colchãozinho dele e as (muitas) mamadas noturnas continuam em estado de semi-sono.


no momento, é só disso que precisamos :)

e não somente o quarto, mas as atividades também. autran passou da fase visual e está no estímulo tátil, que pra mim é o mais interessante.
tenho fotografado e partilhado no instagram, mas não é a mesma coisa...

também queria falar das fraldas de pano. muita gente vem me perguntar sobre elas, se compensa, como cuidar, como funciona, se dá trabalho... até comecei a fazer uns videos pra facilitar hah

também queria fazer aqueles posts mensais que acompanha o crescimento do bebê. desses que toda mãe zelosa faz, contando as novidades, as conquistas, as medidas, acompanhado de fotos lindas e encantadoras. eu nunca consegui fazer o do autran.
óbvio que já pensei, já escrevi mentalmente, mas não consigo, simplesmente não consigo.
e pegando esse bonde, queria falar de como é a vida com um bebê high need.
durante o dia eu não posso, durante a noite eu só quero deitar e assistir meu seriado no ipad.

também queria falar da vida com duas crianças em casa.
queria falar da casa nova. da vida nova.
queria falar do ano de 2013 que foi tremendo...
até cheguei a começar a separar algumas fotos pra uma retrospectiva visual.

a vida corre, logo o autran começa a comer e eu sequer falei das leituras que fiz sobre introdução alimentar montessori x blw...

*sigh*