15 de mai. de 2014

i never said i work better in chaos.

depois de esgotar todo o resto de estrutura cognitivo-acadêmica do meu cérebro analisando um filme alemão dos anos 70, vim chorar as pitangas aqui nesse blog jogado ao relento.
olha, tem sido difícil.

acho que nunca tive que lidar com tanta frustração atrás de frustração. moisa diz que é a vida adulta, cheia de responsabilidades, é assim mesmo. mas será? será mesmo que a gente cresce, se desenvolve, cria autonomia, deseja profundamente ser adulto, ser dono do nariz, ter uma casa com cachorro e quintal... pra isso?
pra mal ter tempo de lavar os cabelos, de fazer as unhas (e digo apenas lixar e cortar as carninhas excedentes das laterais, porque isso é "unha feita" pra mim ultimamente), de contemplar o céu azul/cinzento, de pensar no que fazer pro almoço e se planejar, de ter o prazer de ler um livro por quer ler e não porque tem prova dele AMANHÃ?

a vida tem sido uma correria danada, pausada por uma azia aqui, uma enxaqueca ali. de repente se cai doente, e da-lhe métodos farmacológicos, porque nem saco/tempo pra chá eu tenho mais. quem dirá procurar um homeopata e lidar com isso como deve ser.
falando em médico, tenho pavor de pensar em dar de cara com o ginecologista que falou pra voltar lá 40 dias após o parto para um preventivo, ou dar de cara com o dentista pra dar um jeito nessa obturação que caiu e cariou e me constrange quando sorrio, ou encarar as tias do postinho, as mau-humoradas que odeiam quando eu atraso a vacina. tudo isso numa não-rotina cronometrada, com cama desfeita e roupa sem passar.

me sinto tão despersonalizada com os cômodos ainda tomados por caixas de papelão, tudo ainda por fazer, os livros acumulados na mesa de estudos que virou mesa de entulho. os projetos e atividades deixados tão pra depois que passam do tempo. alguns, desisto mesmo.
os filmes, as séries... puts!
estou engolida, cada dia mais, por esse buraco negro chamado jornada tripla - mãe, dona-de-casa, professora, universitária (quádrupla?).

em algum canto desse correria, entre achar o par certo da meia e trocar fraldas de cocô, eu perdi a leveza.
perdi a calma, a serenidade. ando puro stress, puro nervos.

algo me diz, e também as pessoas me dizem, que essa loucura vai passar.
que quanto menos esperar, terei aquelas tardes só pra mim e, quem sabe, voltar a ter o luxo de fazer meus bonequinhos de papel simplesmente porque quero e posso fazer.
mas algo também me diz que um dia sentirei falta desse caos. e de que eu preciso aproveitá-lo de alguma forma.

só me resta saber como.