29 de abr. de 2013

já podemos chamá-lo de "autran".

mexendo para lá e para cá, ele curte um vidão dentro do útero (o mexe-mexe empurra seu diafragma, por isso sua respiração está mais difícil). nesta semana, seu bebê começou a adquirir mais gordura no corpo e está ficando rechonchudo. o cérebro continua em plena atividade, numa evolução constante. as retinas também passam por um período de aprimoramento e já captam com mais precisão a luminosidade do ambiente. a visão está bastante aguçada.

primeiro deixa eu contar.
busquei o resultado da última ultrassonografia que fiz e, segundo ela, meu bebê tinha um peso estimado de 997 gramas e uma estatura média de 34 cm. mas isso foi há mais de uma semana. deve estar maior e mais gordo.
o resto, não sei decifrar.
o que eu sei é que meus pés incham por conta de nada. e que não consigo mais calçar meu tênis e alcançar coisas no chão sem reclamar. ou me levantar do sofá e da cama sem fazer aquele movimento tão desengonçado, comum de grávidas, mas que todo mundo acha bonitinho.
o que está visível pra mim, são as piadinhas do moisa dizendo que eu já estou andando feito uma pata. é o bebê pedindo espaço pra se mexer quando fico sentada por muito tempo. isso e as dores nas costelas e abaixo do esterno. como dói. mas se fico muito tempo em pé, minhas costas e pernas doem.
ah, e a azia. o refluxo. as noites mal dormidas por não conseguir uma posição confortável.

ainda faltam mais três meses. acabei de entrar na 28º semana, ou no sétimo mês, segundo uma das milhares de tabelas (cada uma diferente da outra) relacionando semanas x meses gestacionais. naquela montanha-russa que é o tempo psicológico, às vezes é logo ali e às vezes parece uma eternidade. me falta tempo pra pensar no chá de fraldas, pra fazer o enxoval, pra me dedicar como deveria/queria. também me falta tempo pra aproveitar os últimos meses de paz, de tempo pra mim (há controvérsias), de noites inteiras dormidas (ainda que mal), de calmaria que não envolve fraldas, choro, leite vazando, um dia inteiro de pijama e exaustão.

eu sei que pareço pessimista falando assim.
mas eu não sou. nem estou. na verdade quando paro pra pensar no bebê, eu chego a sentir o cheirinho suave, os barulhinhos, os movimentos descoordenados, a doçura de sorrisos e pequenas descobertas. é tanta ternura que eu penso que posso explodir. não cabe em mim. já experimentei uma vez, com luana, e experimentar tudo de novo está sendo duplamente intenso.
enquanto antes foi tudo isso misturado com a aflição da primeira vez, agora vem com a certeza que eu consigo enfrentar. então imagina, o espaço da aflição se foi, e é preenchido por mais paixão ainda.

eu só não quero ficar falando da magia de carregar um filho na barriga. sobre isso tem blog a rodo pela internet. é sim, aquela sensação única, sem explicação, que vem naturalmente. você já ama, e pronto. você já se dedica, já se descabela, já ensaia broncas seguidas de afagos. nem nasceu, e já está tudo moldado num lugar que você sequer sabia que existia.
mas veja, também tem sensações - e estas, físicas - que parece que só existem na gravidez.
você deitar e sentir falta de ar, trocar de posição, respirar melhor e sentir um chute por dentro, tipo assim. e ainda achar isso tudo maravilhoso.

hoje, a luana que fez as unhas do meu pé.

19 de abr. de 2013

senta que lá vem...

depois de uns dois anos, eu voltei ao dentista.
o último foi minha terceira tentativa de fazer um "tratamento": cuidar das obturações velhas, possíveis cáries, tártaro, coisas que temos na boca e nem sabemos. e claro, aguentar a encheção para fazermos um clareamento.
deixei o tratamento pra trás quando a terceira obturação trocada, novinha em folha, caiu sem mais nem menos. me irritei. tchau, moço ruivo formado em uma faculdade particular e de sobrenome familiar.

alguns meses se passaram, mais uma obturação caiu e eu deixei pra lá.
não doía, não sangrava, não incomodava. só quando entrava sementinha de tomate, daí eu praticamente cavava um espaço entre dois dentes com palito até a sementinha sair. vai que brota, né?
agora eu decidi voltar.
primeiro por estar grávida. sempre aconselham a procurar dentista nessa época. por conta das alterações hormonais, os dentes ficam mais sensíveis, etc. e também porque dois anos com um buraco na boca não era coisa de gente asseada.

daí lá fui eu, psicologicamente preparada pro maior esporro da minha vida. mas antes, fui ~esperta~ e pedi pra ir ao banheiro. tirei o piercing da língua, pus num saquinho, guardei dentro da carteira. não queria outro sermão sobre a agressão que era aquilo na língua, de como adereços na boca aumentam a proliferação de bactérias, etc.
como estou sem fumar desde dezembro do ano passado, até ensaiei encher o peito pra dizer "PAREI DE FUMAR", caso ela perguntasse. né, pelo menos um trunfo eu tinha.

supreendentemente, a dentista elogiou horrores minha higiene bucal.
disse que o único problema era uma pequena cárie na obturação perdida - o que era digno de admiração, já que aquilo estava exposto há tanto tempo. me chamou de "caprichosa" inúmeras vezes, falou bem da minha gengiva, da minha mordida, dos meus dentes retos sem aparelho, e de como eu mal tinha tártaro.
quase falei que desde que pus o piercing, praticamente tripliquei o cuidado com os dentes, mas achei melhor não. também quase liguei pra minha mãe e pedi pra ela repetisse tudo para que mamãe tivesse orgulho, mas também achei melhor não.

agora estou aqui, pensando se a dentista não falou aquilo só pra me conquistar e está até agora vomitando de nojo.
jamais saberei.

***

e hoje também foi dia de ultrassom!
ia postar isso só quando tivesse as imagens em mãos e escaneadas, mas quem se aguenta?
não esperem imagens em 3D/4D, super definidas. fiz o normalzinho mesmo, só pra ver se o bebezão aqui está bem, está grande, gordo, bonito, rico e cheiroso. e sim, está :)
um pacotão de 32cm e quase um quilo.
já está virado, de cabeça pra baixo. mas ele pode desvirar a qualquer momento. ainda tem umas 10 semanas de liberdade de movimentos, depois disso fica complicado.
o coração continua batendo loucamente, nenhuma alteração. tudo lindo, tudo normal, tudo nos conformes. o bichinho se mexeu durante o exame inteiro, mas ainda assim ficou numa posição fácil pra eu poder ver uma perninha, a outra perninha, o quadril e... olha, um pinto!

sim, terei um menininho pra chamar de meu :)

9 de abr. de 2013

bit & pieces II.

» uma coisa que há anos tinha deixado de fazer parte da minha vida voltou a todo vapor nesses últimos meses: crianças que tocam campainha e saem correndo. eu nem sabia que elas ainda existiam. todos os dias, nos horários de saída dos colégios (sorte que não estou em casa ao meio-dia), minha campainha é tocada pelo menos umas 5 vezes (e olha que nem moro tão perto assim dos colégios). fora as peraltices durante o dia. a luana já se irritou ao ponto de chorar de raiva. há os que tocam com tanto ímpeto, que o botão do interfone fica preso e tenho que descer as escadas correndo pra destravar.


» recentemente procurei foruns e grupos de grávidas pra poder compartilhar e me jogar nesse mundo gravídico em que só a gente - que tá grávida - entende. tipo "nossa gente que azia", daí corre as grávida todas contar mil histórias sobre a azia delas, "nossa gente que fome", daí corre as grávida contar tudo que come e quantos quilos engordou. é até legal. mas não lembrei das partes chatas:
#1) a afobação - todo e qualquer exame que alguma faz, corre mostrar o resultado, fotos, etc. daí as afobada "meu deus porque minha médica não pediu esse?". ou toda e qualquer dorzinha já acham que é um aborto chegando. eu costumo comentar com um "se não tiver sangue, fica tranquila". a gente já sente dor sem motivo quando tá normal, imagina quando ta grávida?
#2) a afetação - no sentido de ostentação mesmo. estão todas que só falam no maldito chá de bebê/fralda e é um mundo que eu, realmente, me recuso a fazer parte. algumas assumem que o que gastam na festa do chá de bebê/fralda daria pra comprar tudo sozinha tranquilamente. daí eu fico no cantinho, pensando se realmente faz sentido tudo isso e pensando seriamente se fazer chá de bebê é uma boa ideia.
#3) a cafonice - por enquanto eu só presenciei na forma de lembrancinhas de maternidades. mas a época dos books estão chegando. yey.


» talvez eu seja mesmo uma grávida incomum.


» desde que entrei na faculdade, a disciplina que eu mais aguardei foi a de LIBRAS. esse ano comecei a ter as sonhadas aulas e não tem sido da forma que eu imaginei. posso ter idealizado demais, achando que poderia até criar períodos em pouco tempo, mas o que eu aprendi até agora foram palavras de cunho sexual. não que a professora só ensine isso (a gente pede, ela mostra), mas é uma variação daquela coisa de primeiro aprender palavrões em outra língua.


» de todos os problemas que achei que teria esse ano, um único me assombra: minha desorganização.


» ultimamente, toda vez que chego em casa, a luana me recebe com o costumeiro beijo e abraço. e a pergunta: "como tá o bebê? mexendo muito?". só amor.