conservamos nossa felicidade
em um pote de cerejas.
continuamos fazendo essas perguntas
cirúrgicas.
gostaria de responder, se pudesse.
poderia escolher outra vez.
viver em pedacinhos
em pequenas doses de
cefaléia.
viver
devagar...
centopéias.
10 de jan. de 2010
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4 de jan. de 2010
doismilenove.
nas primeiras horas de 2009, eu sofri uma tentativa de assalto.
às 2 da manhã em maringá, andando pelas ruas com minha irmã caçula. chegaram por trás de bicicleta, pegaram minha bolsa e tentaram sair pedalando. mas eu segurei firme, lá dentro estava a vida da minha mulherzinha interior - câmera, maquiagens, celular, agendinha, cacarecos. houve uma luta de segundos, eu caí - segurando a bolsa, o cara desistiu, minha irmã gritava, eu xingava. saímos correndo.
eu ralei o joelho, minha irmã quebrou a unha.
depois disso, dançamos até amanhecer na boate gay moderninha.
em 2009 eu saquei a vida de quem trabalha-e-estuda. de sair de casa as 7:30 e chegar 23:45. eu saquei a vida de quem só vê os filhos nos finais de semana. naqueles finais de semana que você so quer dormir, mas tira energias da bunda pra brincar, rir, ver dvds da xuxa, ir na pracinha e tomar sorvete.
em 2009 eu não passei no vestibular que queria (queria?), nem fui atrás de auto-escola (pra acabar com a vergonha da minha vida - eu nao sei dirigir), nem fui a funcionária exemplo no emprego certo pra pessoa errada. e senti o gostinho amargo de uma demissão. vivi de seguro-desemprego. distribuí tantos currículos que renderam ofertas de vagas até dois meses atrás.
em 2009 fui em festinhas de ver raiar o dia, showzinhos tão agradáveis quanto as companhias.
bebi menos, fumei mais. cantei muito em karaoke. e sozinha. e dentro de carros, queimando gasolina na gélida noite curitibana.
tive meus documentos, cartões, celulares roubados. no assalto mais mal explicado e mal resolvido.
em 2009 eu vi amigas se apaixonarem, se desencantarem, vi meu primo-solteiro-convicto se casar. morri por dentro vendo amigas sendo magoadas, pelas pessoas e pela vida.
não vi minha filha aprender a ler, mas ouvi, quando ela leu a primeira frase pra mim no telefone.
tive uma breve e promissora carreira de guitar-hero/rock band. descobri joguinhos online que me fizeram perder a alma.
vi minha irmã 7 anos depois. mais casada, mais gordinha, com um cachorro peludo no colo. mas a mesma voz, a mesma risada.
em 2009 meu sorriso se abriu mais, mas o casulo abriu menos.
não chorei por novas pessoas, mas pela mesma de sempre. briguei muito, perdoei muito. fui perdoada muito.
continuei descobrindo o mundo sozinha, e descalça (aquele mundo de asfalto e sem coração).
e entendi que abrir caminho às cotoveladas só faz eles se fecharem mais rapidamente.
em 2009 mudei de casa, saí daquele apartamento que hoje só me trás lembranças doce-amarguinhas: dos cigarrinhos na sacada, na garagem e no portão. era só interfonar (comunicação entre condôminos, acho prático) e pronto. meu quarto sendo na sala, de ver televisão até cair no sono. das discussões de horas e dias. de ter tudo perto, fazer tudo a pé. dos gritinhos das crianças da escola primária em frente. do incêndio da boca-de-fumo. do saxofonista do domingo. da brisa da janela. da vontade de gritar, e se jogar do terceiro andar. da solidão.
em 2009 mudei de cidade. a cidade que sempre me ampara nas grandes fases de transições. deixei as árvores, o calor, as ruas familiares e prósperas pra trás. toda aquela relação de amor-ódio. talvez seja porque nos conhecemos demais, embora não tenha passado tanto tempo por lá. mas sempre foi intenso. ansioso e lento. e cada temporada encontro gente que carrego aqui dentro. novos e velhos amigos.
porque em 2009, eu fortaleci amizades. e enfraqueci algumas. dei de cara várias vezes com meus monstros. em casa sozinha, em bares com amigos.
em 2009 eu engordei o que perdi em 2008. aliás, eu ganhei de volta muita coisa que perdi em 2008. e a melhor de todas elas foi o amor-próprio.
e o homem da minha vida.
não sei o que desejar pra 2010.
2009 não foi nada do que eu esperava: me ferrei, me lasquei, me feri. mas no final, o saldo foi positivo.
o mundo continua sendo de asfalto, sem coração.
o que mudou foi eu. de toda aquela amargura e desilusão, das fugas e dos esconderijos, das máscaras e das mentiras de auto-defesa. tudo isso ainda esta aqui dentro. em algum lugar, trancado.
sendo transformado em auto-controle, paz de espírito, força de vontade e positivismo.
porque o que 2009 mais me mostrou foi que chafurdar na própria lama só faz ela aumentar, e cair em cima da gente novamente.
pra mudar isso, tem que levantar sozinha.
feroz.
e violenta.
feliz ano novo!
às 2 da manhã em maringá, andando pelas ruas com minha irmã caçula. chegaram por trás de bicicleta, pegaram minha bolsa e tentaram sair pedalando. mas eu segurei firme, lá dentro estava a vida da minha mulherzinha interior - câmera, maquiagens, celular, agendinha, cacarecos. houve uma luta de segundos, eu caí - segurando a bolsa, o cara desistiu, minha irmã gritava, eu xingava. saímos correndo.
eu ralei o joelho, minha irmã quebrou a unha.
depois disso, dançamos até amanhecer na boate gay moderninha.
em 2009 eu saquei a vida de quem trabalha-e-estuda. de sair de casa as 7:30 e chegar 23:45. eu saquei a vida de quem só vê os filhos nos finais de semana. naqueles finais de semana que você so quer dormir, mas tira energias da bunda pra brincar, rir, ver dvds da xuxa, ir na pracinha e tomar sorvete.
em 2009 eu não passei no vestibular que queria (queria?), nem fui atrás de auto-escola (pra acabar com a vergonha da minha vida - eu nao sei dirigir), nem fui a funcionária exemplo no emprego certo pra pessoa errada. e senti o gostinho amargo de uma demissão. vivi de seguro-desemprego. distribuí tantos currículos que renderam ofertas de vagas até dois meses atrás.
em 2009 fui em festinhas de ver raiar o dia, showzinhos tão agradáveis quanto as companhias.
bebi menos, fumei mais. cantei muito em karaoke. e sozinha. e dentro de carros, queimando gasolina na gélida noite curitibana.
tive meus documentos, cartões, celulares roubados. no assalto mais mal explicado e mal resolvido.
em 2009 eu vi amigas se apaixonarem, se desencantarem, vi meu primo-solteiro-convicto se casar. morri por dentro vendo amigas sendo magoadas, pelas pessoas e pela vida.
não vi minha filha aprender a ler, mas ouvi, quando ela leu a primeira frase pra mim no telefone.
tive uma breve e promissora carreira de guitar-hero/rock band. descobri joguinhos online que me fizeram perder a alma.
vi minha irmã 7 anos depois. mais casada, mais gordinha, com um cachorro peludo no colo. mas a mesma voz, a mesma risada.
em 2009 meu sorriso se abriu mais, mas o casulo abriu menos.
não chorei por novas pessoas, mas pela mesma de sempre. briguei muito, perdoei muito. fui perdoada muito.
continuei descobrindo o mundo sozinha, e descalça (aquele mundo de asfalto e sem coração).
e entendi que abrir caminho às cotoveladas só faz eles se fecharem mais rapidamente.
em 2009 mudei de casa, saí daquele apartamento que hoje só me trás lembranças doce-amarguinhas: dos cigarrinhos na sacada, na garagem e no portão. era só interfonar (comunicação entre condôminos, acho prático) e pronto. meu quarto sendo na sala, de ver televisão até cair no sono. das discussões de horas e dias. de ter tudo perto, fazer tudo a pé. dos gritinhos das crianças da escola primária em frente. do incêndio da boca-de-fumo. do saxofonista do domingo. da brisa da janela. da vontade de gritar, e se jogar do terceiro andar. da solidão.
em 2009 mudei de cidade. a cidade que sempre me ampara nas grandes fases de transições. deixei as árvores, o calor, as ruas familiares e prósperas pra trás. toda aquela relação de amor-ódio. talvez seja porque nos conhecemos demais, embora não tenha passado tanto tempo por lá. mas sempre foi intenso. ansioso e lento. e cada temporada encontro gente que carrego aqui dentro. novos e velhos amigos.
porque em 2009, eu fortaleci amizades. e enfraqueci algumas. dei de cara várias vezes com meus monstros. em casa sozinha, em bares com amigos.
em 2009 eu engordei o que perdi em 2008. aliás, eu ganhei de volta muita coisa que perdi em 2008. e a melhor de todas elas foi o amor-próprio.
e o homem da minha vida.
não sei o que desejar pra 2010.
2009 não foi nada do que eu esperava: me ferrei, me lasquei, me feri. mas no final, o saldo foi positivo.
o mundo continua sendo de asfalto, sem coração.
o que mudou foi eu. de toda aquela amargura e desilusão, das fugas e dos esconderijos, das máscaras e das mentiras de auto-defesa. tudo isso ainda esta aqui dentro. em algum lugar, trancado.
sendo transformado em auto-controle, paz de espírito, força de vontade e positivismo.
porque o que 2009 mais me mostrou foi que chafurdar na própria lama só faz ela aumentar, e cair em cima da gente novamente.
pra mudar isso, tem que levantar sozinha.
feroz.
e violenta.
feliz ano novo!
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